Opinião

A desnecessidade de exames obrigatórios no final do ensino secundário

Este ano letivo devido à pandemia e à semelhança do ano letivo passado, os exames finais do décimo segundo ano, serão só efetuados aos estudantes que quiserem ingressar no ensino superior.

Recordo-me ainda do tempo, antes do 25 de Abril de 1974, em que a seguir ao curso complementar dos liceus, hoje décimo primeiro ano, se acabava o ensino secundário e se ingressava no ensino universitário, após se efetuarem exames de acesso nas faculdades para os cursos pretendidos.

Após o 25 de Abril, inventaram o serviço cívico obrigatório, em que os aspirantes a universitários tinham que participar em campanhas de alfabetização revolucionárias, entre outras invenções, que constituíam uma enorme perda de tempo, em que aos alunos aspirantes a universitários e ao povo destinatário, principalmente do interior do país, era feita uma autêntica lavagem ao cérebro político/ revolucionária.

Nos dois anos anteriores ao meu e no meu ano, passou a ser obrigatória a frequência do ano propedêutico, ministrado pela televisão, com exames finais nacionais de acesso ao ensino universitário, e com números “clausus”, limitados para entrada nos cursos mais pretendidos, ou seja, os candidatos ao ensino superior deixaram de efetuar exames de acesso nas
universidades onde pretendiam tirar os cursos superiores, passando estes e as colocações a serem efetuadas a nível nacional.

Apesar de ter feito com sucesso o ano propedêutico e ter tido entrada no curso de Veterinária, conforme pretendia, decidi concorrer à Academia Militar que, curiosamente, ainda não exigia a frequência do ano propedêutico, exigindo sim exames de acesso internos, teóricos, médicos, psicotécnicos e físicos, difíceis e seletivos, dado haverem normalmente 100 vagas para 1000 candidatos, pelo que no meu curso de entrada há vários camaradas mais novos, que não frequentaram o ano propedêutico.

O décimo segundo ano com exames finais obrigatórios, surgiu só depois do ano propedêutico, para os alunos do ensino dito unificado, quer estes quisessem ou não ingressar no ensino superior.

O facto de no corrente ano se acabarem com os exames do décimo segundo ano obrigatórios, para quem não pretender entrar no ensino universitário, parece-me uma boa medida, quer em tempo de pandemia, quer quando se regresse à normalidade, pois para quem não pretender continuar a estudar esse exame é uma completa desnecessidade, que exige um enorme dispêndio desnecessário de recursos em pessoal e financeiros.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva