Geral Opinião

A contestação dos paraquedistas no dia do Exército

Há símbolos nas Forças Armadas de todo o mundo, como as diferentes cores das boinas, os crachás, formas de marchar diferentes, entre outros que identificam as forças especiais, e de operações especiais, das outras, sendo normalmente a cor da boina que usam, um dos mais significantes.

O atual CEME Nunes da Fonseca, tem feito, desde o início do seu mandato, um finca-pé em retirar as boinas aos elementos das Forças Especiais, que não servem nas unidades de forças especiais, obrigando-os a usar a boina do Exército, que passou a ser preta para todas as armas e serviços.

Esta uniformização muito contestada pelas Forças Especiais, mereceu ontem grande contestação popular, por parte de ex-paraquedistas, na vida civil e de reservistas e reformados, na cerimónia do dia do Exército em Aveiro, contestação agravada pelo facto da cerimónia ter sido realizada em Aveiro, local onde há dezenas de anos existe uma unidade paraquedista, e pelo facto do CEME e o seu CMDT subordinado, não terem querido que as tropas em parada cantassem a canção pátria-mãe, enquanto marchavam.

Em minha opinião, o CEME ao tomar a decisão, logo no início do primeiro mandato, de não deixar que os militares de forças e de operações especiais, usassem as respetivas boinas, em unidades que não dessas especialidades, cometeu um erro de avaliação, que malgrado ter verificado que era uma medida muito contestada pelas respetivas forças, não corrigiu, criando um mal-estar completamente escusado, dentro do Exército, erro que deveria ter corrigido atempadamente, dado que errar é humano, insistir no erro é teimosia.

Esta atitude do CEME não era expetável, vindo de alguém que nasceu, cresceu e foi criado na Instituição Militar, desde tenra idade, tem familiares próximos de Forças Especiais, e que sabia perfeitamente da importância, quase sagrada, dos símbolos, como a boina, na idiossincrasia das forças que a usam.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva