Os portugueses têm uma relação peculiar de amor/ ódio, aliada a um desconhecimento total em relação à União Europeia, e de todos os assuntos que estão na ordem do dia da instituição, o que faz com que a maioria da população portuguesa desconfie de todos os assuntos relevantes em relação à Instituição.
A maioria da população sabe que a UE tem fundos a que Portugal pode aceder, mas pouco mais, e a classe política no governo, normalmente usa a instituição para se desculpar daquilo que não consegue ou não quer concretizar, ou seja, normalmente quando usa fundos de coesão estruturais para concretizar projetos, normalmente chama a si os louros, e quando o não consegue fazer culpa a UE.
A maioria dos jornalistas e políticos desconhece os temas que se debatem e que estão em agenda na atualidade e para o futuro em Bruxelas, e por isso os assuntos nunca são debatidos, nem analisados em Portugal, nem mesmo nas campanhas eleitorais para o Parlamento Europeu, o que torna a campanha num foro de debate sobre todos os assuntos de política nacional, menos os sérios e que se forem adotados na União terão um forte impacto nas nossas vidas.
Nunca ouvi ninguém falar de Política Comum de Segurança e Defesa, de “Green Deal” e consequente transição energética, do alargamento da UE que implica reformas da instituição, consequentemente das necessárias revisões do Tratado de Lisboa que numa europa a 27 já não consegue responder adequadamente às necessidades atuais, do futuro da União, da política agrícola, da política de harmonização fiscal e bancária, da PAC, do posicionamento da UE na nova ordem mundial, duma política externa mais credível, enfim, uma imensidade de assuntos que têm enormes repercussões no nosso ordenamento interno.
É tempo de se discutirem estes assuntos, temos um mês sensivelmente de campanha, espero sinceramente que se venha a discutir alguns desses assuntos, embora não tenha esperança.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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