O que antigamente era pecado, passou a ser nesta nossa civilização o oposto, ou seja, passou a ser sinal de sucesso e de afirmação pessoal, nesta sociedade de vencedores versus perdedores, “winners and loosers”, em que ninguém quer pertencer a esta última classe de falhados, “loosers”, tudo valendo para o não serem.
Nesta sociedade em que vivemos para o sucesso derivado do empreendedorismo, que passou a ser a única meta a alcançar. Já ninguém quer alcançar o céu, a santidade, mas sim o sucesso, a riqueza de bens materiais que passaram a ser o único objetivo de vida.
A mentira passou a ser uma verdade alternativa ou criativa, nesta guerra sem quartel, onde a palavra dada deixou de ser honrada. A preguiça passou a ser considerada um relaxamento antisstress. A luxúria passou a ser sinal de status e poder. A inveja passou a ser uma justa ambição, motivadora. O egoísmo passou a ser designado por auto – estima.
O narcisismo por autoconfiança, havendo cursos que o promovem e ensinam, através de livros de autoajuda, de seminários, de PTs, que ganham rios de dinheiro a ensinarem essa banha- da- cobra.
Nesta sociedade os modelos dos santos que viveram para os outros, são os “loosers”, os modelos a seguir são os milionários como o Trump, não interessando a origem do dinheiro.
Assisti a uma reunião anual duma imobiliária, em que desfilaram vários oradores de autoajuda, charlatães brasileiros encartados com comunicações esdrúxulas para levarem os vendedores, empreendedores, a terem sucesso, a serem criativos nas vendas, a ganharem muito dinheiro, o Deus dinheiro como objetivo, que exaltava a turba de ouvintes, crédulos e em êxtase.
Como o mundo mudou, talvez esta pandemia ajude a que nos recentremos nos valores certos, no essencial.
Tenho esperança.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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