Geral Opinião

A magistral lição de História de Lídia Jorge no 10 de junho

Foto: Facebook de Lídia Jorge

No grande romance de Lídia Jorge de 2014, com o título de Memoráveis a autora, que foi ontem Comissária das Comemorações do dia de Portugal e de Camões, aborda e desenvolve com mais profundidade, o tema que ontem, em Lagos explanou e que teve eco, entre os que a História que querem continuar a exaltar, é uma história mitológica, que foi desenvolvida e propagandeada no período Estado Novo, para justificar a sua ação política, qual narrativa ficcional em que da História de Portugal, só são recordados os grandes heróis, as grandes gestas nacionais, nunca a abordando duma forma integrada, e contextualizada em termos Internacionais, como se este cantinho à beira-mar plantado fosse o centro do Universo.

Nos “Memoráveis” a autora medita sobre a memória nacional portuguesa, as suas glórias e as suas sombras, e sobre como o passado molda o presente, e fá-lo duma forma sublime, como só um grande vulto da literatura consegue fazer, revisitando a revolução, a descolonização e o drama dos retornados.

Ontem, Lídia Jorge revisitou, no discurso que fez no 10 de junho, a tese que explanou no deu livro Memórias, de que a História de Portugal é feita de glórias e de sombras, que têm de ser encaradas sem medos, pois as lições apreendidas da História e em especial das sombras, são fundamentais para que estas se não repitam no presente e no futuro.

Lídia Jorge aproveitou o facto de em Lagos haver reminiscências do passado esclavagista, o primeiro mercado de escravos, para sustentar a sua tese, de que tivemos um passado de glórias e de sombras, em que as Descobertas foram um período, da História de Portugal, como todos os outros, de grande glória e de grande desenvolvimento, sem deixar de recordar a grande sombra do esclavagismo, fazendo dessa forma a difícil quadratura do círculo, ou seja, a difícil síntese desse período, tendo aproveitado para falar da grande sombra que paira na atualidade na sociedade portuguesa e europeia, do racismo, da xenofobia, que se resume no ódio ao outro, ao diferente.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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