Desde 2021 foram colocadas em Gaza todo o tipo de tecnologias de vigilância, que coletaram todos os dados pessoais de toda a população residente, inclusive de reconhecimento facial, recorrendo à comparação com as fotos existentes nas redes sociais, e armazenaram-nos em “iclouds”, comerciais da Google e da Amazon, efetuando na prática a primeira ocupação digital da História.
Todos os elementos e atividades do Hamas foram monitorizados por esse sistema integrado de vigilância, desde a data da sua implementação, pelo que as autoridades de Israel tinham todas as informações necessárias, que lhe permitiam, se quisessem, evitar os atentados de 7 de setembro, pois o sistema não colapsou.
A guerra de Israel contra o Hamas em Gaza foi, para além de tudo, uma excelente montra de material de guerra tecnologicamente muito evoluído, baseadas em inteligência artificial, de que destaco o sistema antiaéreo cúpula de ferro, “Iron Dome”, o sistema “Lanius X” que gere os drones no Teatro Operacional, o sistema Gospell, um sistema de comando e controlo, e o sistema Lavender, de aquisição e ataque de alvos, com quadricópteros, com controlo remoto de explosivos, e toda a panóplia de armamento ligeiro.
Todos estes sistemas têm atualmente uma enorme procura no mercado de armamento, por terem demonstrado grande eficiência e eficácia na guerra em Gaza, bem como por serem muito flexíveis na sua utilização.
O Iron Dome é o sistema antiaéreo integrado desenvolvido por Israel, que pela excelente eficácia que demonstrou, na destruição de mísseis balísticos, drones e mesmo de foguetes, de que Israel foi alvo, muito em especial, nos dois ataques provenientes do Irão, certamente será o líder do mercado de aquisições nesse sector
O sistema “Lanius X”, é o sistema que os Israelitas usaram para gerir toda a panóplia de drones aéreos e terrestres, que foram maciçamente utilizados no Teatro Operacional de Gaza, diminuindo o número de baixas das IDF, por substituírem com eficácia os combatentes nalgumas operações, sistema que será também um sistema que terá muita procura.
O sistema de Inteligência Artificial denominado por “Gospell” tem sido o sistema integrado de Comando e Controlo utilizado por Israel, que seleciona todos os alvos a bater pelas iDF, alvos que divide em dois tipos, os alvos contra infraestruturas táticas e operacionais, e os alvos designados por “Power” Targets, como hospitais e escolas, alvos que têm como objetivo único de provocar danos psicológicos, em minha opinião, este sistema não mostrou grande eficiência, pois provocaram a destruição de 80% de todo o edificado, sem ter destruído sequer a capacidade operacional do Hamas.
Os dados para se selecionarem os alvos geridos pelo sistema de comando e controlo “Gospell”, são coletados pelo sistema “Lavender”, que os lista de acordo com as probabilidades, onde estes estatisticamente se pudessem localizar.
De acordo com as informações recolhidas, a aparente não eficiência do sistema Gospell, deveu-se, não a problemas do sistema em si, mas aos alargados parâmetros de controlo de danos fornecidos pelas IDF, que definiu que, a morte de um elemento júnior do Hamas, pudesse provocar entre 15 a 30 danos colaterais, e para um elemento sénior estas pudessem ir desde os 100 até aos 300, de acordo com a sua importância relativa na organização.
O sistema de comando e controlo integrado de IA utilizado por Israel, permitiu ao decisor ter toda a informação em tempo real, por forma a poder tomar as melhores decisões táticas e operacionais, ou seja, permitiu efetuar o comando e controlo operacional, de uma forma eficiente, de acordo com os parâmetros definidos.
Para além dos sistemas integrados de IA referidos é de destacar a eficácia do novo morteiro Iron sting, capaz de uma precisão semelhante à de um tiro de uma arma de tiro direto, bem como dos drones terrestres e aéreos designados por Drones for Elbit System.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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