Geral Opinião

Os EUA limitaram o acesso de Portugal a chips de IA

Portugal não consta na lista dos EUA com acesso privilegiado a chips de Inteligência Artificial, embora também não esteja na lista negra.

Esta não inclusão de Portugal na citada lista, tem como consequências em termos militares e financeiros na área da Defesa, que  à partida não podemos em projetos de Investigação e Desenvolvimento no âmbito do Departamento de Defesa, bem como  na aquisição  de equipamentos militares com financiamento dos USA. Nesta área de equipamentos militares também não teremos prioridade na aquisição dos mesmos.

Estas limitações extendem-se ao estabelecimento de contratos com o departamento de defesa,  que invlem prioridade na participação na área espacial, bem como no treino conjunto com Forças Americanas, que incluem o contra-terrorismo.

Tenho consciência que Portugal é um país que tem recursos limitados, e que em termos militares a sua mais-valia é muito pouco relevante para os EUA, com exceção da sua posição geoestratégica, que lhe é conferida pelos Açores, onde os EUA tem uma base,  e menos relevante pela Madeira, embora em Porto Santo também haja um aeroporto com grande capacidade de receber aviões de grande porte , em caso de necessidade de haver uma intervenção militar em África, aeroporto que foi beneficiado com dinheiro dos EUA.

Tenho também consciência que Portugal é o maior defensor da manutenção do elo transatlântico na UE, tendo sempre em conta que a NATO é que é a Aliança defensiva, sempre em oposição a posição francesa de querer autonomia estratégica para a Europa, ou seja sempre uma posição, que considero de subserviência em relação aos EUA, algo acima da relação de acomodação, como é definida na estratégia.

Portugal deixou de receber contrapartidas em termos de equipamento militar, pela cedência da base das lajes, ou seja, praticamente cede a base com o mínimo de compensações de qualquer tipo.

Na NATO, embora a nossa contribuição em termos financeiros, ainda não tenha atingido os dois por cento, somos os mais fieis seguidores de qualquer decisão dos EUA, tendo mesmo sido um dos quatro países que apoiou a invasão do Iraque, tendo enviado forças da GNR.

O nosso Conceito Estratégico de Defesa, realça sempre a nossa posição geostratégica e a mais-valia que esta tem para os EUA, e  o facto de sermos a charneira entre a Europa entre os EUA e a Europa.

Com tudo o que referi, é triste ver que , pelo menos, em termos de acesso a chips, o que nos vai limitar o acesso a projetos de I&D , e que também ficámos limitados no acesso am à tecnologia espacial, algo que prejudicará muito  o nosso desenvolvimento a curto-médio-prazo, pois a Inteligência Artificial e o Espaço são áreas essenciais para o futuro.

Urge que o MNE faça sentir a nossa apreensāo relativa a este assunto junto dos EUA.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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