Nas Relações Internacionais costumamos falar dos atores do Sistema Internacional, que na Teoria Realista se resumem simplesmente aos Estados, e às relações de poder que bilateralmente estabelecem entre si. As outras teorias das Relações Internacionais, a construtivista e a liberal, por sua vez, não resumem as Relações Internacionais às relações entre estados, ou seja, admitem que pode haver outro tipo de atores, como por exemplo a União Europeia, que paulatinamente se tem vindo a afirmar nesse sentido, já tendo assento em alguns “fora“ com identidade própria.
Nessas discussões sobre quem pode, ou não ser considerado um ator do Sistema Internacional, discute-se muito, se algumas empresas multinacionais, não poderão ser também consideradas como tal, por as suas decisões poderem afetar a política dos países com que se relacionam, especialmente no domínio económico.
Elon Musk é atualmente o detentor da maior riqueza do mundo, pois possui empresas em variadíssimos setores estratégicos, muito devido à tecnologia de ponta que os seus “out puts” incorporam, fruto de muito investimento em investigação e desenvolvimento, de que destaco a Space X que paulatinamente está substituindo a NASA em termos de viagens espaciais, o sector mais relevante da geografia política do futuro, e a rede social X onde espalha a desinformação que quer, podendo levar a mudanças de governos, de regimes políticos, e até mesmo de influenciar o decurso das guerras.
O poder individual que Elon Musk atualmente detém é incomensurável, e as relações que estabeleceu com Trump, que muito contribuíram para a sua reeleição, fazem dele um dos homens mais poderosos a nível global.
Ao contrário de Steve Banon, o conselheiro que Trump conseguiu despedir na sua primeira presidência, mas que à sombra de Trump, conseguiu espalhar globalmente a sua ideologia de extrema-direita, muito em especial na Europa, com sucesso, Elon Musk pessoalmente já tem uma panóplia de capacidades, de que sinteticamente me referi supra, que de “per si” já são superiores à de muitos Estados, o que lhe lhe dá a título individual uma enorme influência interna, e externa a nível global, que será impossível a Trump despedir, sem grandes consequências para si próprio, dado que Musk já controla grande parte das empresas estratégicas americanas e globais, ou seja Elon Musk com o seu poder intrínseco, já é, em minha opinião, um ator global, que fortalecerá ainda mais o seu poder com a relação especial que tem com Trump, mas que também tem com Putin e Xi Ji Ping, e outros grandes líderes mundiais.
Por tudo o que referi Elon Musk é também, em minha opinião, o verdadeiro e perigoso “Jocker” do Sistema Internacional, pois poderá vir a assumir num futuro próximo, papeis ainda mais imprevisíveis e estratégicos, que podem ameaçar o próprio Sistema Internacional.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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