Geral Opinião

JD Vance, o fado dum saloio

Fonte: WFYI

Estive a ver o filme sobre o candidato a vice-presidente dos Estados Unidos, baseado numa autobiografia que editou e que foi best-seller nos EUA.

O filme tem, na sua língua original, um título muito duro, que traduzido à letra significa algo como o Fado dos Rurais ou dos saloios, não no seu sentido literal, mas conotativo.

JD teve uma infância e adolescência muito difícil, pois cresceu numa família desestruturada, desenraizada do seu Estado de origem, muito pobre, com uma mãe toxicodependente, instável psicologicamente, que lhe batia amiúde e que tinha uma vida perversa, tendo o seu único apoio psicológico partido da sua avó materna, que ao encarregar-se da educação do então miúdo, conseguiu dele fazer um homem de sucesso, que teve de passar pelos Marines antes da entrada no curso de Direito em Yale.

Yale foi o seu elevador social, que lhe permitiu chegar aonde hoje chegou, a Senador e candidato a Vice-presidente dos EUA  pelo partido Republicano, maioritariamente apoiado por “red necks” ou rurais do paupérrimo interior dos EUA.

Esta autobiografia e o filme que está na Netflix, são um grande auxílio na Campanha Eleitoral, que se está a desenrolar atualmente nos EUA, pois sendo oriundo dum Estado do interior, de famílias pobres,  garante deles um firme apoio, e legitima Trump, homem de negócios de Nova York, cuja família onde cresceu, é o oposto das de Vance, malgrado Trump ter neles a sua base de apoio, a eles não pertence, soando  a falso.

O fado do saloio é a imagem do sonho americano, e esta autobiografia de JD Vance e o filme da Netflix materializa o sonho de sucesso americano.

JD Vance pode vir a ter sucesso, tenho pena que os seus preconceitos, que as suas crenças, e que a sua ideologia populista, que abraça convictamente, aliado à sua personalidade, marcada pela sua infância, capaz de tudo para singrar, tal como a de se ter recentemente voltado para Trump, que publicamente afirmou no passado, mas que quando lhe cheirou a poder ora bajula, levem os EUA para um caminho iliberal perigoso.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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