A Geografia não muda nem os interesses dos Estados.
Partindo desses pressupostos começo esta breve análise.
A Rússia, potência global, apoiou o governo Sírio e com ele ganhou a guerra na Síria, dado que é nesse país, que tem uma das suas bases navais mais importantes, que tinha que continuar a manter, uma vez que necessita que a sua marinha tenha acesso permanentemente a mares não gelados, que lhe permita usá-la sem restrições durante todo o ano.
A Síria é liderada por um governo , professo da facção Xiita do Islão.
O Irão, outra das potências regionais do Médio-Oriente , é o país líder do Xiismo, razão pela qual também apoiou o governo Sírio na guerra
A Arábia Saudita, outra grande potência regional, é apoiada pelos USA, potência Global, é líder por sua vez da facção Sunita do Islão.
Desde o surgimento destas duas correntes do Islão que tem havido guerras e ódios entre si, pela legitimidade do legado do profeta Maomé.
Nos últimos anos o Irão e a Arábia Saudita têm apoiado duas facções diferentes na guerra civil do Yemen, que está longe de ter fim, e que tem consumido muitos recursos financeiros a ambos os países.
A Arábia Saudita e o Irão são dois grandes produtores de petróleo, que normalmente utilizam esse recurso, para se degladiarem entre si, quer na conquista de mercados quer na regulação dos preços, para se financiarem e armarem, .com armas convencionais e mesmo almejam dotarem-se de armamamento nuclear, com o fim de se tornarem potências nucleares.
Mercê das sanções impostas pelos USA ao Irão o país está com dificuldades financeiras, pois praticamente só consegue exportar crude para a China, uma vez que o seu aliado Russo é também produtor de petróleo. .
Recentemente a Rússia e a Arábia Saudita desentenderam-se relativamente ao preço de venda do barril de crude no mercado global, e a Arábia Saudita, em retaliação, inundou e saturou o mercado, a preços de saldo, que ao dia de hoje rondam os 20 dólares por barril com tendência para descer.
Com esta jogada de dumping, a Arábia Saudita pretende atingir a economia da Rússia, que como vimos se aliou à Síria e ao Irão desestabilizando o frágil equilíbrio regional, dado que a maior fonte de rendimento da Rússia é o petróleo.
Para além da Rússia, esta medida, prejudica também o Irão, pois a China, seu grande comprador, está neste momento a comprar crude para as suas reservas a preços excessivamente baixos.
Com o COVID-19, e apesar dele, a estratégia mantêm-se, e os USA receosos que a Rússia apesar de fragilizada na sua economia, quisesse aproveitar esta distração da pandemia, para consolidar a sua posição na Ucrânia e/ ou lançar um ataque, noutra zona onde mantém conflitos dormentes, como é o caso dos países Bálticos,, não anularam o exercício NATO Defender 20, e estão a efetuar uma das maiores manobras militares no leste da Europa, com cerca de vinte mil militares americanos no terreno, , e colocaram os seus bombardeiros mais avançados tecnologicamente nos Açores.
Os interesses estratégicos nunca mudam pois a a Geografia também não.
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