Geral Opinião

Irá o Hezbollah intervir em Israel?

Foto: Exame

Em Israel, numa visita oficial, desloquei-me à fronteira do Líbano para observar o dia-a-dia duma unidade de artilharia pesada, onde fui surpreendido. No meio do “briefing” dado pelo comandante da unidade, um Coronel Judeu fundamentalista com os cabelos encaracolados a cair por cima das patilhas enquanto fardado de camuflado, por uma mensagem rádio cujo remetente era o segundo Comandante que o informou ter sido atacado por um grupo do Hezbollah no vale que marcava a fronteira entre Israel e o Líbano, felizmente sem baixas.

Imediatamente o Comandante mandou abrir fogo sobre todos os objetivos pré-planeados, ordem que foi executada sem pestanejar com grande surpresa minha.

Esta paz podre na fronteira, que está longe de ser uma guerra-fria porque há contacto quase diário, mantém-se desde o fim da invasão israelita, pelo facto do Líbano ser um estado-falhado, cujo Primeiro-ministro foi inclusive preso numa visita oficial à Arábia Saudita, onde as diferentes religiões e etnias não se entendem sobre a sua representatividade no governo, parlamento e na presidência, que é baseada na percentagem relativa da sua população, pois afirmam que há décadas que se não faz um referendo, pelo que essa representatividade é atualmente uma falácia.

As Forças Armadas do país também são ineficientes e ineficazes, e o Hezbollah, grupo terrorista, reside e emana da pobreza dos campos de refugiados palestinianos que cada vez são mais e mais populosos.

O país e a população, embora não apoiem o grupo terrorista acha no entanto que o grupo é útil, uma vez que é o único que se pode opor a uma eventual incursão armada israelita.

Neste caldeirão em ebulição que é o Líbano, é provável que o grupo venha a desencadear uma incursão armada em Israel em apoio do Hamas, que embora seja Sunita, combatem um inimigo comum Israel.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma