O mundial de futebol no Qatar é, como todos os grandes eventos desportivos de alto nível, uma ocasião para o país anfitrião projectar uma imagem no mundo, e de com essa imagem recolher dividendos futuros, bem como é mais uma forma de fazer diplomacia direta e indiretamente, de que realço a diplomacia económica como relevante no atual contexto de crise energética
A presença dos representantes máximos dos Estados, no Qatar, é importante no sentido em que a sua presença facilitará o estabelecimento de relações entre os países que nele se fizerem representar, relações essas que poderão passar pelo gás natural, turismo, captação de investimentos, dado que o fundo soberano do Qatar é relevante, podendo ser importante para ajudar a vencer a atual crise, a exemplo dos nossos vizinhos espanhóis, que tão bem o têm feito atraindo capital árabe e muito em especial do Qatar para o seu país.
Há algumas entidades europeias que fizeram questão de publicitar que não iriam ao Qatar nesta altura, para não branquear o regime do país, de que destaco a Presidente da Comissão Europeia, que no entanto, enviou um dos seus vice-presidentes à abertura do mundial em sua representação, e o Presidente do Conselho Europeu, que afirma não ir ao Campeonato do Mundo, mas que esteve há duas semanas no país em visita oficial.
A religião nos países árabes é muito importante, e levam a palavra do profeta Maomé à letra, sem nenhum enquadramento temporal, o que os leva, amiúdes vezes a chocar com o Ocidente, nomeadamente em relação ao tratamento das mulheres e dos LGBTs, algo que muito nos choca e que é, na visão Ocidental do Mundo condenável, mas que os árabes interpretam como mais uma interferência Ocidental na sua civilização, constituindo-se, em si mesma, como mais um capítulo das Cruzadas e da infindável guerra que travam com o Ocidente.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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