A globalização teve um grande revés, como consequência direta e indireta da pandemia, pois a deslocalização da maior parte das indústrias para a Ásia, efetuada nas precedentes últimas décadas, provocou uma completa disrupção das diversas cadeias logísticas em todo o mundo, que provocaram uma escassez de matérias primas e de componentes eletrónicos, incluindo “chios” para computadores, global.
A disrupção da maior parte das cadeias logísticas, com origem no continente asiático, consequência da quebra abruta na produção industrial, está ter enormes reflexos na economia global, muito em especial na construção civil, onde os preços das matérias primas estão a subir 15 por cento ao mês.
A pandemia, a necessidade de redução da pegada ecológica e o aumento do custo da energia, provocado pela necessidade urgente de energia para se voltar a produzir em escala, estão a provocar uma crise económica à escala global, ainda de difícil previsão, mas que certamente terá reflexos muito importantes na mudança dos vários paradigmas que levaram à globalização, que vinham paulatinamente já a manifestar-se no período pré-pandemia, nomeadamente em torno da Organização Mundial do Comércio.
A pandemia, por sua vez, obrigou também ao encerramento de fronteiras, algo inimaginável na Europa de “Shengen”, como forma de evitar contágios com a deslocação livre das populações europeias, que tiveram de confinar nacionalmente, e em espaços exíguos, como as suas habitações.
Malgrado esse revés, a UE conseguiu negociar contratos vantajosos com as farmacêuticas, que lhe permitiram vacinar a maioria dos seus cidadãos.
A globalização teve pois, em minha opinião, um grande revés, havendo um voltar ao “Small is beautiful”, uma paradoxal dicotomia, sempre presente, quando se trata o tema da globalização e que quando levada aos extremos é também muito perigosa, levando ao renascer de tribalismos e nacionalismos adormecidos.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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