A Comissão Europeia propõem acabar com a comercialização e, consequentemente, com o fabrico de carros a combustão até 2035, inclusive dos veículos híbridos, no espaço da União Europeia.
O Conselho Europeu ainda não aprovou a proposta, pelo que creio que vai haver algumas resistências por parte de alguns Estados-membros, grandes construtores de veículos a combustão, que irão exigir avultadas contrapartidas para a transformação de toda as suas linhas de produção, bem como exigir avultadas verbas para investigação e desenvolvimento, no sentido de poderem cumprir esta tão ambiciosa, mas necessária meta.
Quando foi da transição energética do carvão para o petróleo, esta iniciou-se com a visão de Churchill, que a iniciou mandando mudar o sistema de propulsão de toda a frota de navios da Royal Navy.
Uma transição energética atualmente é mais difícil e onerosa de concretizar que nos princípios do século passado, e parece-me que porventura o aparelho militar a poderá também acompanhar e quiçá protagonizar, numa altura em que todos os seus principais meios, inclusive os terrestres, estão numa tendência para a mudança, no sentido duma quase total robotização, penso no entanto que para o aparelho militar esta transição precisará de mais alguns anos.
Esta transição energética consubstanciará a finalização da terceira grande revolução, ou seja, a revolução que a digitalização tem operado nas nossas vidas, mudando-as completamente.
O PIB português está muito dependente da indústria automóvel, principalmente da Auto-Europa, pelo que espero que os nossos governantes, quando forem votar a proposta no Conselho se lembrem de pedir contrapartidas para auxiliar as empresas estratégicas no setor automóvel, essenciais para auxiliar na transformação das nossas linhas de montagem, pois parece-me, embora sem certeza absoluta por não ter acesso à informação, que o dinheiro do PPR e do novo quadro comunitário de apoio é insuficiente para esse desiderato.
Sugiro também que o atual Governo planeie atempadamente a concessão de apoios, quer para as empresas quer para os particulares poderem efetuar a mudança das suas frotas e dos seus veículos particulares sem sobressaltos.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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