Geral Opinião

Vamos jogar contra Marrocos, contra o Algarve de Além-mar

Vamos jogar futebol contra o Reino de Marrocos, um dos nossos vizinhos mais próximos, a quem já chamámos, a parte do seu território, o Algarve de Além-mar, que conjuntamente com a ora província algarvia, integravam o Reino de Portugal e dos Algarves.

Marrocos é um país islâmico, em que o seu rei descende do Profeta Maomé, facto que tem influências na política e consequentemente na forma distinta como encara alguns direitos, liberdades e garantias, que o Ocidente quer impor como universais, há séculos.

Os países islâmicos seguem o seu livro Sagrado, o Corão, à letra, no sentido literal sem ser passível de nenhuma interpretação.

O Corão, para o Islão revela a palavra de Deus, transmitida pelo Arcanjo Gabriel a Maomé, que por não saber ler, nem escrever a decorou, tendo posteriormente sido decorado pelos seus seguidores, e compilado posteriormente, e pela primeira vez ,já sob a égide do seu sucessor Abu Bakar, numa versão que foi posteriormente revista a égide do terceiro Califa do Islão.

Os outros dois livros, a Suna e o Hadid, por sua vez, embora não integrados no Corão, também são importantes, porque um narra a vida de Maomé, e o outro tenta explicá-la.

O facto de Maomé, ao contrário de Jesus, o profeta Issa para os Islâmicos, ter sido simultaneamente um líder tribal, um governante portanto do território onde esta se inseria, e que foi posteriormente conquistando, faz com que muita da sua atividade tenha resultado do exercício do poder que exercia, o que leva a que uma interpretação à letra do livro Sagrado, seja hoje, em minha opinião, algo completamente anacrónico, pois não se podem governar países modernos, com economias de mercado, com códigos de comportamento, e de aplicação da justiça do tempo da Idade Média.

Os poucos dirigentes de países islâmicos, que separaram o estado da religião, não tiveram grande sucesso, tendo os países que lideraram regredido muito após o seu afastamento ou morte, com foco o caso paradigmático de Saddam Hussein no Iraque, que foi dos poucos dirigentes de um país islâmico a fazê-lo, pois percebeu que num país metade Xiita e metade Sunita, e uma percentagem residual de Cristãos, só poderia construir um estado se este fosse laico.

Dito isto, o nosso diferendo com os países árabes é um diferendo civilizacional, pois eles e nós vivemos em civilizações distintas, com diferentes religiões, diferentes valores, diferentes formas de administrar o poder, enfim, como definiu Huntington no seu livro, o choque das civilizações, tudo isto é gerador de conflitos guerras, cruzadas, de que a mais recente, foi a cruzada contra o Qatar, por causa dos Direitos Humanos das Mulheres e das minorias LGBT.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma