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Um animal será um bom presente?

Gatos, cães e outros animais não são brinquedos e trazem responsabilidades para o tutor. Leia este artigo se pensa oferecer um animal este natal.

A maioria das pessoas que gosta de animais já passou pelo processo de pensar em ter um em casa.

Mas, por vezes, a ideia de que passar a ter um animal em casa será uma opção excelente nem é para o próprio núcleo familiar, abrange também amigos e outros familiares.

E há épocas mais propícias para estas ideias, o Natal, os aniversários e outras celebrações que habitualmente envolvem presentes estão entre elas.

Mas será que oferecer um animal de companhia é uma boa ideia?

Não, realmente não é! Um animal não é algo que possa ser devolvido ou trocado. Se quem o receber não o puder ou quiser ter, ou mesmo não tiver qualquer empatia com ele, que solução terá nessa altura?

No Natal, num aniversário ou noutra ocasião, quem recebe um animal como presente de surpresa pode não conseguir acautelar as suas necessidades e nem sequer foi uma escolha nem uma decisão sua:

  • Pode não querer mesmo o animal ou não estar preparado para um compromisso que tem impacto no tempo disponível, recursos financeiros, energia necessária e afeto a dar;
  • Pode não ter as condições de alojamento necessárias para receber um animal, nem ter possibilidade de arranjar alguém que o possa substituir na eventualidade de algum dia não poder cuidar dele;
  • Pode não ter o tempo e energia necessários para a sua educação e manutenção de uma condição física e saúde adequadas.

Muitas vezes são as crianças que são presenteadas com um animal e não têm sequer idade para poder assumir essa responsabilidade. Ou o presente pode ser para uma pessoa mais idosa que não tem as condições físicas necessárias para cuidar do animal que lhe foi oferecido.

Ter um animal é muito reconfortante, mas a decisão tem de ser devidamente ponderada.

  • É assumir uma responsabilidade a longo prazo que não pode terminar nas primeiras contrariedades.
  • Implica um compromisso para a vida do animal, que em muitos casos será para mais de 15 anos.
  • Além de custos elevados de tempo, tem custos emocionais e financeiros que têm de ser ponderados e até questões de saúde da família em que o animal vai ser integrado que têm de ser avaliadas.
  • A razão não pode ser porque é uma solução para a solidão ou porque será bom para as crianças crescerem com ele.

A escolha de um animal como novo companheiro em casa não é assim uma decisão que possa ser influenciada por impulsos, nem pelo desejo de oferecer uma surpresa no Natal, aniversário ou outra ocasião.

Procura e abandono de animais

A procura de animais, sobretudo ainda na primeira idade, bebés ou muito jovens, aumenta significativamente na época de Natal. As consequências ficam depois à vista.

  • É comum, passados desde dias a meses depois da surpresa e da presença do animal em casa seguir-se a sua rejeição e abandono.

Muitos abandonos nos canis / gatis, associações protetoras ou realojamento em casas de familiares são de animais que foram ofertas.

  • No Verão, com as férias, o maior abandono deve-se principalmente a não ter onde deixar os animais e não poder suportar os custos de contratar esse serviço. No entanto, esta é também a solução que muitas pessoas encontram para um problema que alguém lhes arranjou (ou que arranjaram sem ponderar devidamente a sua decisão).
     
  • Mais frequentemente, trata-se de animais relativamente novos, com 7 meses e 1 ano, que foram adquiridos ou recebidos no Natal.

Outra razão comum que leva ao abandono de animais são as alterações normais do seu comportamento e aparência com o crescimento.

  • É fácil gostar de um animal bebé e pensar que será muito agradável partilhar o espaço com ele. Mas os animais crescem, perdem o aspeto de peluche e até fazem asneiras e destroem coisas em casa, especialmente se não há tempo para os educar. Quando não se está preparado para estas questões, o que é mais comum quando se recebe um animal de surpresa, o abandono é uma saída habitual.

Hoje em dia, são já muitos os criadores, canis / gatis e associações protetoras de animais que colocam obstáculos à aquisição / adoção de animais nesta altura do ano, na tentativa de evitar que estes possam ser presentes, com o risco de poderem ser descartados por alguém que não estava preparado para os ter. 

Os cães são mais afetados do que os gatos porque o padrão reprodutivo sazonal da espécie faz com que não haja muitos gatinhos bebés na época de Natal.

O que ponderar antes de decidir ter um animal em casa

Mesmo quando já se tem a certeza que se quer ter um animal em casa, é preciso decidir qual é animal o mais adequado e há muitos fatores ainda a considerar:

  • Espécie, raça pura ou rafeiro, mais velho ou mais novo, grande ou pequeno, com pelo, penas ou escamas, com pelo comprido ou curto, fêmea ou macho, castrado ou inteiro, e por aí adiante.
  • Pense que adotar é sempre a melhor opção, visto que acima de tudo estará a dar uma casa e uma segunda oportunidade a um animal abandonado.

Mas a aparência, não deve ser o foco. A personalidade e antecedentes dos animais são aspetos muito relevantes:

  • Também afetam o tempo, custos e envolvimento necessários;
  • São determinantes para a afinidade que é preciso existir entre o animal e a família que o acolhe.   

Não ofereça um animal como presente surpresa, pode vir a ser um ‘presente envenenado’ por não ter sido pensado, decidido, procurado e escolhido pela pessoa a quem o pensava oferecer. E, se for para a sua família, pense em tudo o que é preciso para tomar uma decisão final consciente.

Ter um animal não pode ser por impulso ou paixão. É, primeiro que tudo, assumir um compromisso para toda a vida do animal e que tem de ser bom para todos: as pessoas da família que o acolhe e o animal.

Se isto for respeitado, partilhar a vida com animais de companhia será sempre gratificante.