Geral Opinião

Será que drones substituirão no futuro os militares nas guerras?

Foto: Folha UOL

Ao fim destes dois anos de guerra na Ucrânia podemos afirmar que a nova “arma“ que sai deste confronto, e que mostrou ser para além de pouco onerosa, o que a torna eficiente, e muito eficaz, é o drone, ou seja, são plataformas de todas as dimensões e utilizações, desde o reconhecimento estratégico, operacional e tático, até à sua utilização como plataformas transportadoras de explosivos, com maiores ou menores capacidades de destruição, com espoletas variadas para penetração em diversos tipos de estruturas, com alcances que podem chegar aos 500 Kms, que podem ser ou não tripulados, que podem atuar em todas as dimensões do campo de batalha, que podem atuar isoladamente ou em enxames para iludir os sensores dos Sistemas de Armas Antiaéreos, enfim, que podem realizar quase todo o tipo de missões, que se começa a especular se a breve trecho não substituirão as “boots on the ground” algo que, em minha opinião, não estará para tão breve, embora estes possam melhorar muito a eficiência e a eficácia do combate.

Os grandes drones, de descolagem e aterragem vertical, a jato ou a hélice, poderão, eventualmente, no futuro próximo, revolucionar toda a manobra logística do campo de batalha, ou seja, poderão ser utilizados em todas as classes de reabastecimento, especialmente no ataque para que não se perca o ímpeto do mesmo, pois não será necessário que as unidades logísticas das unidades da frente, venham à retaguarda, às áreas de apoios de serviços de todos os escalões reabastecer.

Ainda estamos longe da substituição das “boots on the ground,” pois a conquista e principalmente a ocupação é consolidação do objetivo têm que com elas se fazer, e posteriormente todas as organizações civis e unidades militares específicas, designadas na doutrina NATO como unidades CIMIC com capacidades civis e militares, têm que integradamente resolver os problemas e as necessidades das populações que habitam os territórios conquistados, algo que por vezes não se dá valor, mas que trazem grandes problemas, que podem reverter ou minimizar o sucesso duma qualquer operação.

Sabemos que atualmente existem cerca de 1 500 000 drones a atuar na Ucrânia, algo que no futuro aumentará exponencialmente, algo que terá de ser gerido por computadores quantum e inteligência artificial, para que a gestão do espaço aéreo não seja o caos.

Com esta utilização massiva dos drones no campo de batalha em todas as dimensões, posso afirmar que se a metralhadora foi a arma mais importante do Teatro Operacional na I Guerra Mundial, e o carro de combate e a aviação na II Guerra Mundial, na Guerra da Ucrânia, em minha opinião, dão os drones.

Como referiu o General Petreus no início da guerra de Israel contra o Hamas, afirmando ser necessário saber e determinar, qual o fim da mesma e quais as soluções para a reconstruir e administrar, ou seja, qual o seu “end state”, duma forma clara.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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