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Queda no Turismo

Diário de Notícias

É com muita preocupação que, como cidadã e apaixonada pela hotelaria, testemunho a inquietante realidade que se desenrola diante dos nossos olhos.

Há meses, que vinha alertar sobre a possibilidade de queda no setor do turismo, mas lamentavelmente, a minha voz não foi ouvida, como de muitos colegas. Agora, somos confrontados com notícias alarmantes sobre a queda no turismo, uma tendência que afeta não apenas a indústria hoteleira, mas toda a economia relacionada ao turismo. É fundamental reconhecer a importância de tomar medidas imediatas e eficazes para enfrentar esses desafios e procurar soluções que permitam a recuperação e o fortalecimento desse setor vital para o nosso país.

É inegável que, com o avanço tecnológico, as expetativas e preferências dos hóspedes também têm evoluído. A forma como as pessoas pensam e interagem com a hospitalidade está em constante transformação, exigindo que a indústria hoteleira se adapte para responder às novas necessidades. Infelizmente, a falta de visão a médio e longo prazo por parte de algumas culturas pode ter um impacto significativo no setor do turismo. A diminuição do número de turistas nacionais pode ser apenas o início, e se não forem adotadas medidas efetivas para se ajustar às mudanças do mercado, a perda de turistas estrangeiros poderá ser uma consequência inevitável. Por isso, é essencial que governos, empresas e profissionais do setor se unam para identificar e implementar soluções inovadoras, com o objetivo de revitalizar o turismo e garantir o seu desenvolvimento futuro. Apenas através de uma abordagem visionária e comprometida será possível enfrentar estes desafios e assegurar que a hospitalidade continue a prosperar num mundo em constante evolução.

Tenho observado o regresso aos seus países de muitos estrangeiros que trabalham remotamente, não apenas porque as empresas os estão a obrigar a regressar à sede, mas também devido ao seu entendimento sobre os elevados preços em Portugal. A realidade dos custos de vida neste país pode surpreender aqueles que inicialmente viam Portugal como um destino atrativo para viver e trabalhar remotamente. Infelizmente, essa perceção pode levar ao abandono de muitos desses trabalhadores estrangeiros, o que pode ter impactos significativos no dinamismo e diversidade da comunidade local. Neste contexto, é importante que se reflita sobre as medidas a tomar para manter Portugal atrativo para estes profissionais, conciliando um ambiente acolhedor com uma política de preços que permita um equilíbrio entre qualidade de vida e viabilidade económica.

Todos os dias, constato que muitos turistas, tanto nacionais como estrangeiros, manifestam fortes críticas à política existente em Portugal e procuram novos destinos para residir temporariamente, passar um fim de semana ou gozar férias. Esta situação poderá agravar consideravelmente o setor hoteleiro português e todas as áreas ligadas ao turismo. É preocupante testemunhar a possibilidade de perdermos visitantes valiosos devido a questões políticas e, possivelmente, a falta de atratividade económica. É imperativo que sejam tomadas medidas urgentes para garantir que Portugal continue a ser um destino acolhedor e competitivo, abordando as preocupações dos turistas e promovendo políticas que incentivem o crescimento e a sustentabilidade do setor turístico. A colaboração entre o governo, empresas e comunidades é essencial para assegurar o futuro promissor da indústria hoteleira e do turismo em geral no nosso país.

Maria Delfina Gama

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