Geral Opinião

Quando o imperador espirra em Portugal morremos de pneumonia

A Política Internacional na aldeia global em que vivemos atualmente, está relacionada, direta e indiretamente com tudo o que fazemos,  quer como nação quer como região, quer como autarquia, e em última análise com a vida de todos nós, ou seja, um pequeno incidente no mundo, poderá ter repercussões incalculáveis na nossa vida quotidiana.

Eça de Queiroz escreveu no seu livro “O Mandarim” uma frase que, nesta crónica vou citar de cor, porque o que me interessa é o sentido da mesma que é em linhas gerais, quando o imperador chinês se constipa, nós, em Portugal, apanhamos uma pneumonia que nos pode, em última instância, matar.

Na crise financeira de 2008, com a falência do banco norte-americano “Lehman Brothers”, a União Europeia sofreu uma crise financeira, mais pronunciada nalguns estados-membros com mais dívida pública mais exposta, como foi o caso de Portugal, que por essa razão teve que pedir um empréstimo ao FMI, o que nos obrigou a um resgate, e implicou cortes draconianos na despesa púbica e nos obrigou, como nação, a cortes nos salários e a um aumento substancial na carga fiscal, e com consequências no bem-estar de todos nós individualmente.

A epidemia do Covid obrigou-nos a todos a ficar em casa, para evitar que a epidemia se disseminasse, e por causa disso, as fábrica na China fecharam, causando disrupçōes no fornecimento de matérias-primas essenciais para a UE e para Portugal, tendo sido nesse período que começou a tendência para um aumento da inflação, que atualmente se agravou mais em todo o mundo.

A guerra na Ucrânia, por sua vez, agravou a inflação, devido principalmente, mas não exclusivamente, às sanções económicas impostas pela UE à Rússia, que limitaram a importação de petróleo e gás natural, provocando uma reação semelhante à dos choques petrolíferos do século passado, o que fez aumentar exponencialmente os custos energéticos, aumentando direta e indiretamente os custos de produção e de distribuição da maioria dos produtos transacionáveis, que se refletiram nos preços de tudo o que adquirimos coletiva e individualmente em Portugal.

Penso que estes três exemplos são ilustrativos da importância de estarmos a par da Política Internacional para podermos efetuar investimentos seguros, e para no limite conseguirmos sobreviver, sem morrer de pneumonia, quando o imperador espirra.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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