Geral Opinião

Putin o neocolonizador do Continente Africano

O Globo

Ontem começou o Fórum entre a Rússia e o Continente Africano, que de acordo com Putin marca o fim do colonialismo e o reconhecimento que o Continente Africano, vai ser um novo polo de poder relevante na nova Ordem Mundial.

A reunião magna contou com a presença de cerca de quarenta estados africanos, e destes 21 chefes de estado marcaram pessoalmente a sua presença em São Petersburgo.

Dos pontos na agenda realço três por serem os mais relevantes, nomeadamente o auxílio à infraestruturação dos estados, a energia em que estão a ser planeadas ajudas à construção de 16 centrais nucleares, o auxílio para mitigar a fome, onde a Rússia pretende oferecer aos Estados Africanos mais carenciados cereais a custo-zero.

Com esta reunião, Putin pretende demonstrar ao Mundo que não está isolado, bem como que continua a exercer a sua tutela sobre os países africanos com quem tem laços de pseudo cooperação consolidados desde a Guerra Fria, quando militarmente a ex-URSS, liderada pela Rússia, apoiava militarmente vários movimentos de libertação contra as então potências coloniais, dentre os quais realço o apoio ao PAIGC na Guiné, o MPLA em Angola e a Frelimo em Moçambique.

Referi o termo de relações de pseudo cooperação, pois a cooperação só existe quando os interesses dos estados são convergentes, o que não é caso, pois considero que os interesses da Rússia são o de tutelar, influenciar e extrair da maioria dos Estados Africanos, vários recursos minerais de vulto, essenciais para a Rússia, a a troco de cereais, de uma mão cheia de nada, e os interesses da maioria dos Estados Africanos são o de se desenvolverem.

Pelo referido considero que neste caso, a relação entre a Rússia e a maioria dos estados africanos reunidos em São Petersburgo, é em minha opinião, uma relação neocolonial, só que o colonizador desta vez é a Rússia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma