O rim é um órgão muito importante para o equilíbrio do corpo. As doenças renais são geralmente silenciosas, daí a importância de conhecer os sinais de alerta.
Na natureza é fundamental haver equilíbrio. Para o efeito existem mecanismos responsáveis por manter essa estabilidade (homeostasia). O rim desempenha um papel crucial como regulador homeostático.
A principal função do rim consiste em manter o equilíbrio entre o meio interno (corpo humano) e o meio externo (ambiente). Essa capacidade é essencial, uma vez que todos os dias entram novas substâncias no nosso corpo (alimentos, água, bebidas, medicamentos, toxinas), bem como existem outras substâncias que são geradas no metabolismo. Assim, o rim irá filtrar o sangue e eliminar as toxinas e as substâncias em excesso (como o sal e o fósforo, entre outros).
Para além de filtrar, o rim intervém noutros processos fundamentais: este órgão liberta uma hormona que estimula a produção dos glóbulos vermelhos, impedindo o aparecimento da anemia. Funciona também como um forte regulador do metabolismo ósseo através da ativação da vitamina D.
A doença renal é geralmente silenciosa, com sinais pouco específicos. É fundamental saber da sua existência e adotar medidas eficazes de prevenção.
Doenças renais no mundo e em Portugal
Estima-se que cerca de 10 a 15% da população mundial sofra de doença renal crónica. Com o envelhecimento, estes números aumentam significativamente: no grupo etário acima dos 75 anos, calcula-se que esses números rondem 50% dos casos.
Em Portugal, não existem números para a população global. No entanto, há registo dos doentes com doença renal avançada. No final de 2020 existiam mais de 20.000 doentes em hemodiálise, diálise peritoneal e submetidos a transplante renal.
Principais doenças renais
Existem várias formas agudas e crónicas de doença renal. A forma mais significativa é a doença renal crónica, resultante de um funcionamento inadequado dos rins por um período superior a três meses. Esta patologia pode ser consequência de várias entidades, nomeadamente:
- Hereditárias (ex.: Doença Renal Poliquística)
- Metabólicas (ex.: Diabetes, Gota)
- Autoimunes (ex.: Lúpus, Vasculite)
- Cardiovasculares (ex.: Hipertensão arterial, Insuficiência cardíaca)
- Infeciosas
- Secundárias a medicamentos (ex.: consumo crónico de anti-inflamatórios ou de lítio)
Fatores de risco para as doenças renais
São conhecidos múltiplos fatores que aumentam o risco de desenvolver uma doença renal, dividindo-se estes em fatores não modificáveis e modificáveis.
Fatores de risco não modificáveis
- Prematuridade / baixo peso à nascença
- História familiar de doença renal
- Envelhecimento
Fatores de risco modificáveis
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- Obesidade
- Consumo frequente de anti-inflamatórios não esteroides
- Episódios repetidos de infeção urinária
- Litíase renal (pedra nos rins)
- Obstrução urinária (ex.: associada a hipertrofia da próstata)
- Tabagismo
A prevenção da doença renal crónica assenta na adoção de comportamentos de vida saudável, controlando os fatores de risco, bem como no acompanhamento regular em consultas médicas.
Sintomas das doenças renais
Os sintomas associados à doença renal são habitualmente inespecíficos, toleráveis e não relacionados com dor lombar.
Numa fase inicial deverão ser vigiadas alterações das características da urina (como por exemplo urina com espuma ou sangue). Mais tarde poderão surgir queixas de:
- Cansaço
- Inchaço das pernas
- Perda de apetite
- Náuseas
- Vómitos
- Alterações da concentração
- Alterações do sono
A vigilância inicial deverá ser feita pelo médico assistente, que, em caso de necessidade, referenciará a um médico da especialidade de Nefrologia.
Tratamento das doenças renais
Existem várias formas de tratamento das doenças de base, que são adaptadas individualmente.
Nas situações em que ocorre falência renal completa (doença renal crónica estádio 5) existem diversas modalidades de tratamento:
- Hemodiálise
- Diálise Peritoneal
- Transplantação Renal
- Tratamento conservador / paliativo
A progressão da doença renal crónica para a sua fase mais avançada resulta num estado “tóxico” com consequente mal-estar e eventual necessidade de terapêutica de substituição da função renal. Apesar de bem tolerada, ao iniciar uma diálise as rotinas diárias terão de ser adaptadas a esta nova realidade.
Fonte: CUF- Dr. Teixeira e Costa (Nefrologista)
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