Se a geopolítica da energia fóssil foi de importância relevante em todo o século XX e no inicio do atual século, vide a invasão do Iraque, por ter jazidas de petróleo, quase a céu aberto, e consequentemente de fácil e pouco onerosa exploração, de tal forma que os iraquianos se queixavam que os navios americanos se abasteciam nos pipelines diretamente, sem nenhuma espécie de contagem, as geopolítica dos minerais é a geopolítica do século XXI, e os locais que os possuem em quantidade, passaram a ser locais de disputa pela sua posse ou controlo, conforme se verifica atualmente na Ucrânia, onde tanto os EUA como a Rússia pretendem possuir ou controlar os mesmos, muito em especial as terras raras.
Portugal em terra ou no mar possui vários minerais fundamentais para para a transição energética, caso do Lítio, bem como para outras aplicações tecnológicas tais as terras raras, na base de todos os chips, e de semicondutores, o que coloca o território português na mira dos interesses das grandes potências, e das grandes multinacionais, algo semelhante ao que nos aconteceu com o Volfrâmio na II Guerra Mundial.
Portugal possui terras raras confirmadas na regiões de Monforte-Tinoca, Assumar, Penedo Gordo, e Crato-Arronches , em quantidades consideráveis, e por isso passíveis de serem rentáveis para futura exploração, bem como na Costa Portuguesa, e na extensão da plataforma continental, que ainda estão em fase embrionária de estudo e de investigação, bem como possui lítio nas regiões de Montalegre, Serra de Arga, Trás os Montes e Massudime, que no total perfizera cerca de 600 000 toneladas.
Todo este potencial que está a ser estudado em detalhe, coloca Portugal na rota da geopolítica dos minerais, a geopolítica do século XXI, assim se consiga dele tirar as devidas mais- valias necessárias para o nosso desenvolvimento, ou seja estabelecer contratos de exploração que nos sejam favoráveis.
Já que não fomos bafejados com a sorte de termos tido nem petróleo nem gás natural, por as suas reservas serem diminutas e consequentemente as explorações serem pouco rentáveis, parece-me que em termos de minerais e terras raras não temos o mesmo azar, no entanto para que tal aconteça é necessário garantirmos algumas salvaguardas em termos ecológicos, pois precisamos de desenvolvimento, sim, mas tem de ser sustentável.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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