Geral Opinião

Os nossos PALOPs na mira dos chineses e dos russos

A estratégia definida pela China pode-se resumir na frase “one road, one belt”, ou seja, reativar a rota da seda, a estrada e a partir da China fazer a volta do Cabo até Lisboa, o cinto.

A China, relativamente à volta do Cabo, vai com o seu Soft Power, paulatinamente cooperando económica e financeiramente com os países africanos, nalguns construindo portos, de que será exemplo o planeado Porto de São Tomé, construindo bairros, e infelizmente construído centrais a carvão algo nefasto para o ambiente, enfim, vai colaborando no desenvolvimento dos estados, que lhe vão ficando hipotecados, consequentemente vai ganhando poder, inclusive em Portugal, o ponto de chegada do cinto, onde é dona da EDP, da REN, quer gerir um terminal no Porto de Sines, e já tentou, sem sucesso, construir um Porto na Praia da Vitória na Ilha terceira, ou seja, já é dona de alguns sectores estratégicos fundamentais, no nosso país.

Concomitantemente com estes investimentos apoia financeiramente a emigração dalguns dos seus cidadãos, para que estes se estabeleçam por todo o lado, com lojas e restaurantes chineses, e mais recentemente tem invadido o mercado com tecnologia de ponta, que incluem comunicações, podendo desta forma aceder a dados dos seus clientes.

Em resumo, a China vai usando o seu Soft Power com especial incidência nos PALOPs, coincidindo com um dos nossos vectores estratégicos, algo que constitui um enorme desafio para Portugal, e para a nossa estratégia de cooperação bilateral,  estado a estado, e multilateral através da CPLP.

A Rússia por sua vez também se está expandindo para África onde recentemente estabeleceu acordos de cooperação militar com São Tomé e com Angola, onde Portugal também tem projetos de cooperação militar.

Malgrado o supra referido o nosso trunfo neste confronto estratégico desigual, reside na nossa língua  comum, e na nossa política de educação, dos novos Quadros Militares e Civis dos PALOPS, que desde há cerca de trinta anos, têm sido educados no colégio militar, nas nossas universidades, o que inclui o nosso Instituto Universitário Militar, onde os filhos das elites civis e militares desses países têm sido educados, marcando indelevelmente a presente e futuras elites,

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

Adicionar comentário

Clique para comentar