Hoje falamos de frutos silvestres, daqueles que abundam nos campos em atraentes cachos de cor vermelha, negra ou púrpura. Quem não se lembra, em miúdo, de apanhar amoras, framboesas ou morangos silvestres? No entanto, temos que ter atenção, pois nem todos os frutos silvestres são comestíveis.
Alguns de aspeto mais apetecível são venenosos e até mesmo mortais. Façamos uma viagem por alguns que devemos evitar por completo, a começar pela beladona (Atropa belladonna L.). Todas as partes desta planta são perigosas, desde as bagas até às folhas. Cresce entre ruínas e em jardins abandonados e raramente é cultivada devido à sua elevada toxicidade. Os seus frutos são tóxicos, de cor verde no princípio do verão, passando a negro quando amadurecem. Os sintomas de envenenamento por beladona incluem taquicardia, pupilas dilatadas, alucinação, visão desfocada, garganta seca, entre outros.
O evónimo-europeu (Euonymuseuropaeus L.), uma árvore ou arbusto alto de copa arredondada, é outra planta perigosa, que surge nos bosques e nas sebes e tem um fruto vermelho-rosado cuja ingestão é prejudicial e pode provocar vómitos intensos no ser humano.
O conhecido teixo (Taxusbaccata L.), uma espécie arbustiva ou arbórea de copa piramidal ou alargada, tem apenas os frutos escarlates inofensivos sendo que todas as outras partes da planta são altamente venenosas, incluindo as sementes no interior do seu arilo carnudo, tendo um efeito paralisante no coração. Outros sintomas de envenenamento das bagas de teixo podem passar por boca seca, vómitos, vertigens, cólicas, dificuldades em respirar, arritmias, quebras de tensão e desmaio.
Outros frutos a evitar são os do azevinho (Ilexaquifolium L.) e do alfenheiro (Ligustrumvulgare L.).
Referidos que estão alguns dos perigos, convido agora o leitor a deixar-se levar pela imaginação e pelo prazer de apanhar frutos silvestres comestíveis, apreciando em plenitude os seus sabores:
As amoras-silvestres (da silva Rubusulmifolius S.) são os mais conhecidos frutos das moitas. A melhor época para as colher é antes de setembro, pois a partir dessa altura tornam-se moles.
As framboesas (do framboeseiro Rubusidaeus L.) pertencem à mesma família das amoras-silvestres e apesar de menos abundantes, são igualmente saborosas.
O abrunho, fruto do abrunheiro-bravo (Prunus spinosa L.) amadurece no verão e, embora seja comestível, possui um travo ácido, pelo que é mais utilizado para fazer vinho ou aromatizar gin.
O conhecido mirtilo (Vacciniummyrtillus L.), o sabugueiro (Sambucusnigra L.) e o morango-silvestre (Fragaria vesca L.) são outras espécies com bagas deliciosas que podem ser apreciadas sem perigos.
Lembre-se desta última recomendação: nunca apanhe frutos silvestres para comer se não tiver a certeza de que são inofensivos e, em caso de dúvida, não lhes toque.
Texto de Ivone Fachada – Diretora Executiva do Centro Ciência Viva de Bragança
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