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Os ataques Houthis no Mar Vermelho, no contexto da Guerra Israel-Hamas

Foto: Getty Images

Enquanto se espera o pior em termos humanitários em Gaza, pois os israelitas já afirmaram pretender atacar o Hamas em Rafah no sul, onde estão deslocados cerca de 1 milhão e 500 000 pessoas, os EUA estão a pressionar Israel para ir negociar um acordo de paz no Egipto, acordo que à partida vai falhar, pois o governo de Israel não cede na sua intransigente posição de acabar com o Hamas, não se importando com as consequências em termos de vítimas civis que irão causar.

Quando qualquer estado ou mesmo particulares partem para qualquer negociação, cada parte impõem condições iniciais, mas para que estas resultem tem de haver margem de manobra, para cedências, muito embora, neste caso Israel, tenha a perceção de que está a ganhar no terreno, tenha vantagem na conduções e resultado expectável nas mesmas.

A paz é essencial que se atinja na região do Médio-Oriente, pois o conflito Israel/Hamas tem consequências em todo o globo, sendo de primordial importância para, eventualmente, conseguir acalmar os Houthis, que em solidariedade com os palestinianos começaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho e com isso garantir a livre circulação do comércio marítimo, que pretende atravessar o Suez, muito embora todo o Ocidente desconfie que estes, mesmo que seja negociada a paz em Israel, não vão deixar de atacar os navios comerciais, que queiram atravessar o canal do Suez, pois viram e experienciaram a força que lhes concede a posição geográfica em que vivem, e hão querer dela e desta frente de guerra, tirar vantagens em futuras negociações, para atingirem novamente a paz.

Os americanos e o Reino Unido, e a própria França, em missão com estes coordenada, mas não subordinada ao Comando Americano na região, algo que faz parte da idiossincrasia francesa, estão à espera de ficar muito tempo na missão de escoltar os navios comerciais que queiram passar em segurança pelo canal, e até mesmo a própria União Europeia, ainda em processo de planeamento e decisão, está a preparar-se para atribuir uma nova missão à operação Atalanta, que tinha uma missão de polícia na região, para prevenir ataques terroristas dos piratas Somalis, para que esta se rearme e passe a fazer parte deste esforço de securitização na região.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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