Geral Opinião

O Sismo em Marrocos

Foto: Observador

Marrocos pertenceu ao Reino dos Algarves, que eram Algarves e não Algarve porque incluía parte do que é atualmente o reino de Marrocos, recentemente fustigado por um grande terramoto, estando parcialmente destruído.

O Algarve de além-mar era sustentado logisticamente a partir da cidade de Tavira, onde estava localizado o Hospital de retaguarda de agora Marrocos, nas instalações da Messe de Oficiais, pois a distância era percorrida num espaço de tempo que variava entre um e dois dias dependendo do vento.

Realço este facto porque em Portugal a maioria da população achar que Marrocos é muito distante em termos de distância física e cultural, algo que é completamente erróneo, pois quer em termos de distância, quer culturais, esta é muito curta.

Portugal mostrou-se solidário e preparado para ajudar a salvar pessoas soterradas neste sismo, fizemos a nossa obrigação, embora estranhamente o rei de Marrocos não a tenha solicitado, pois as hipóteses de sobrevivência do salvar pessoal dos escombros reduz-se significativamente com o decorrer do tempo.

O rei de Marrocos, infelizmente é um autocrata, descendente em linha direta de Ala, como um rei absolutista que não governa cidadãos mas súbditos, de quem pode dispor impunemente e que vive faustosamente, num país de tudo carente, em que o valor da vida humana e o respeito pelos direitos humanos é algo, para si, despiciendo.

Para ilustrar o que referi sobre o rei, vou contar uma pequena história verídica, que me foi contada por camarada, ex-adido militar em Marrocos, acerca de um general Marroquino, a servir na Corte, que certo dia pediu ao rei para ir à terra natal visitar a família e ir à campa dos pais. O rei não lhe respondeu e passado uns dias chama-o e diz-lhe que tinha enviado pessoal de sua confiança à terra natal do general que o tinha informado que a família se encontrava bem, e que tinha mandado limpar a campa dos pais, pelo que não via necessidade de lhe conceder licença para se ausentar da sua casa militar.

É necessário que haja um novo Renascimento, ora de origem diferente, que faça com que estes países na nossa vizinhança próxima se desenvolvam e os faça caminhar no sentido da modernidade.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma