Não gostei do relatório da Amnistia Internacional sobre a Ucrânia, quando refere que os ucranianos utilizam infraestruturas civis para esconder e camuflar material militar, justificando vários dos ataques russos a esses objetivos, aparentemente civis, e que têm causado milhares de mortos e feridos entre civis, facto que a comunicação ucraniana, muito tem aproveitado na sua narrativa da guerra, para demonizar o invasor, numa eficaz guerra da comunicação.
A invasão russa foi e é ilegítima à luz do Direito Internacional, e a desproporção inicial de meios militares no terreno era enorme, o que obrigou os ucranianos a defenderem-se nas cidades, privilegiando o combate urbano, onde a sua desvantagem era menor, pois nesta forma de combater, as forças blindadas perdem grande parte da sua eficácia, tornando-se mais vulneráveis, o que obrigou os ucranianos a ter de colocar material e homens, no meio das estruturas civis, que passaram a ser a sua proteção.
Esta forma de combater dos ucranianos teve muito sucesso, desgastou muito o inimigo, muito embora dela tenham, infelizmente, resultado muitas baixas entre os civis, bem como tenha provocado muita destruição, que o presente relatório da Amnistia Internacional veio realçar e chamar à colação, pondo em causa a narrativa ucraniana, veiculada na sua guerra da comunicação, que acusava a Rússia de destruir infraestruturas civis, e de matar civis, em locais onde aparentemente não existiam objetivos militares, facto que os russos vão certamente aproveitar e tirar partido na sua, também guerra da Informação, o que descredibiliza a narrativa ucraniana, que até ao momento se tinha revelado muito eficaz.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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