Mais um Verão dramático para Portugal, depois dos ingleses, e recentemente os alemães, terem colocado Portugal na zona vermelha da pandemia, depois de Merkel ter dado um puxão de orelhas em público ao Primeiro-Ministro António Costa pelo facto de este ter aberto o país aos ingleses, no mês de Maio.
Confesso que estou preocupado, pois o setor do Turismo, com que me habituei a viver desde pequeno no Algarve e onde tenho dezenas de amigos a explorar o setor, não vai aguentar mais esta machadada.
Parece-me que Merkel tem razão e que a nossa abertura precoce ao turismo Inglês, em Maio, é de facto responsável por este aumento de casos com a vertente indiana, e indiana plus, que neste momento parece estar a assolar o Sul e Lisboa, onde me cruzei com milhares desses turistas, que enxamearam a Baixa de Lisboa e o Algarve.
Os alemães são muito organizados, trabalhadores e estudiosos, ao contrário de nós, ou seja, quando Merkel vem a público chamar à atenção de Costa, não o fez sem um estudo científico prévio e assertivo sobre as causas do problema, a abertura precoce do país aos Ingleses.
As repercussões no tecido empresarial e no desemprego vão ser catastróficas pois o Governo, ao contrário dos seus congéneres europeus, não tem apoiado condignamente as empresas, pois tem apostado mais em facilitar empréstimos e estabelecer moratórias, que são uma panaceia que vai rebentar nas mãos de quem as realizou, do que em colocar dinheiro na economia, quer dinheiro vivo quer baixando impostos e custos de contexto, como a energia por exemplo.
Às situações dramáticas e urgentes de necessidades de apoio, o Governo empapela com burocracia, desesperando quem precisa realmente de apoio.
Não me parece que o dinheiro do PRR tenha como destino ajudar diretamente os afetados pela pandemia, vai sim servir para se fazerem obras públicas dificilmente sustentáveis a médio-prazo, bem como para investir na digitalização do país e na economia verde.
Não tenho dúvidas que o constante no planeamento de utilização das verbas do PRR seja importante, no entanto primeiro é necessário evitar o colapso do Turismo, e do desemprego que daí inexoravelmente aparecerá, ou seja primeiro é necessário tratar os setores da economia que estão nos cuidados intensivos e quase moribundos, e só depois tratar das flores.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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