As grandes discussões que se têm dado entre os cabeças de lista às eleições europeias, têm sido centradas nas afiliações dos partidos políticos portugueses, nos diversos partidos representados no Parlamento Europeu.
Quando Portugal acedeu à então Comunidade Económica Europeia, os partidos políticos portugueses viram-se pela primeira vez confrontados com este problema, pois os dois principais partidos portugueses, o PS e o PSD, dizem-se sociais democratas, e ambos quiseram entrar no Partido Socialista Europeu, onde estão afiliadas todas as Sociais Democracias do Norte da Europa, tendo o PS sido o partido que o integrou, o que deixou o PSD de fora, quer do grupo de PS Europeu, quer do Partido Popular, pois na altura o CDS era o partido Democrata-Cristão, o partido mais conservador que, por essa razão integrou o atual Partido Popular Europeu. O PSD na altura decidiu afiliar-se no Partido Internacional Liberal, pois era o único onde se revia.
Em 1996, o PSD decide mudar a sua afiliação, pois os liberais na Europa eram um partido que não tinha grande peso em termos de número de deputados no Parlamento Europeu, e como tal não disputava os cargos de poder na União Europeia, pelo que decide afiliar-se no Partido Popular Europeu, onde até hoje se tem mantido concomitantemente com o CDS.
Esta bizarra, idiossincrasia portuguesa, tem permitido desde então, ao PSD ter mais protagonismo na UE, participar em reuniões internacionais com figuras de maior relevo internacional, e que têm governado vários países europeus, de que é exemplo a ex-chanceler Merkel, de triste memória para Portugal.
O PPE e os partidos que o integram, têm posições mais conservadoras que o PSD, algo que a candidata do PS Marta Temido, tem sabido aproveitar para confrontar Sebastião Bugalho, que em Portugal e no seu programa são mais liberais de costumes que os do grupo parlamentar europeu que integra o PPE, nomeadamente em relação ao aborto, e em alianças com Meloni do partido conservador da extrema-direita europeia e outras, deixando o Sebastião Bugalho incomodado por não ter resposta.
Esta indefinição ideológica do PSD/PP, que às vezes é mais social democrata e outras mais popular, dependendo das lideranças, é uma caraterística nacional pelo menos bizarra, e que às vezes trás dissabores.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
Adicionar comentário