Em minha opinião, o Exército tem um problema grave e, de certa forma recorrente, com o recrutamento das tropas comando, pois a maioria são recrutados maioritariamente nas zonas dos arredores de Lisboa, a maior parte em bairros problemáticos.
A maioria dos jovens que habitam essas zonas mais problemáticas, quer ser Comando, como forma de se afirmarem internamente nesses bairros, pois o facto de terem conquistado uma boina vermelha, significa que fazem parte duma elite, que são fortes, duros, resilientes, tanto psíquica como fisicamente, sendo por isso idolatrados, sobretudo pelos mais novos.
Normalmente, os contratados quando saem dos Comandos procuram empregos ou nas forças de segurança ou como seguranças de discotecas e afins, sendo que a maioria arranja emprego com facilidade nessas áreas.
O treino militar é bom, excelente, no entanto, por vezes a fronteira é tênue entre o bem e o mal, a ética e os valores militares podem por vezes ser mal interpretados ou não ter mesmo respaldo nos recrutas e, mais tarde nos soldados e graduados, pois não os entendem, nem querem entender, pois a sua personalidade já vem formada, quando entram na instituição militar, quer como cadetes, quer como praças.
O espírito de corpo, quando não é baseado em princípios éticos, rapidamente se assemelha aos juramentos das “omertas mafiosas”, algo que em minha opinião, é muito grave.
Formar tropas de elite é uma necessidade do país para cumprir missões internacionais, no entanto, poderá ser um pau de dois bicos e estarmos a contribuir para o treino e recrutamento de pessoal para o mundo do crime.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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