Geral Opinião

O MDN tirou Olivença da Cartola

O Ministro da Defesa Nacional foi ao Regimento de Cavalaria 3, os Dragões de Olivença, e no final lembrou-se de falar de Olivença e do diferendo secular, mas completamente esquecido nas brumas do tempo e da memória coletiva das populações dos dois territórios fronteiriços e nacionais. Diferendo que temos com Espanha sobre a posse desse território, que de acordo com o Direito Internacional deveria ser nosso.

Não sei se o disse depois de empolgado com as festividades do dia da unidade, que este ano foram antecipadas, e depois de olhar para o mítico dragão no Brasão de Armas do Regimento, lembrou-se de recordar o tema surreal, como a existência dos dragões, da retomada de Olivença, que não está na agenda das nossas relações com Espanha, há muitos anos, nem dos objetivos políticos nacionais.

Em Olivença, atualmente, para além da História e algum património, que por nós foi erigido, a vila já pouco tem a ver com Portugal, dado que toda a sua população é da espanhola, e claro, esta não quereria mudar de cidadania, o que torna qualquer pretensão territorial portuguesa numa impossibilidade.

Se este assunto estivesse na agenda do governo, ainda podíamos perceber esta atoarda do Ministro, mas que se saiba não está, nem estará, quando muito poderia, se houvesse vontade, haver algumas conversações bilaterais com Espanha tendo em vista, a preservação do património da História e da cultura ainda presente no território, com o fim da preservarmos.

Qualquer eventual retorno do território para Portugal, terá sempre de passar pela vontade da população nele residente, e essa vontade, a existir, teria de ser incentivada, bem como teria de passar por nela formar, uma identidade nacional perdida, sem a qual tal facto seria impossível.

Espanha e Portugal atualmente pertencem à UE e à NATO, e penso que o objetivo de recuperar o território de Olivença, não está nem estará na agenda de nenhum dos países, não faz sentido ressuscitá-lo, no entanto, e quando muito, parece-me fazer sentido, no âmbito dum projeto Europeu, recuperar o património Histórico, a História, e eventualmente, a possibilidade das famílias residentes no território de origem portuguesa poderem, se o desejassem, requerer a nacionalidade portuguesa, ficando com dupla nacionalidade, e posteriormente, poderia ser ensaiado por mútuo acordo, considerar Olivença um território neutral, com uma administração especial quiçá partilhada, por forma a resolver o problema candente, mas não essencial para nenhum dos Estados-membros.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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