Geral Opinião

O Cruzeiro do Tejo deverá ser reconhecido como Património Imaterial da Humanidade

Foto: José Paulo Marques (Medio Tejo)

Esta segunda-feira fui convidado para me deslocar num barco tradicional do Tejo, restaurado pelo grande escultor Moisés Preto Paulo, da localidade de Tancos para a de Constância, para participar na festa da vila em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, que se comemora na vila poema há cerca de duzentos anos.

A festa em que os barcos dos antigos pescadores eram benzidos, hoje restauradas, são propriedade de particulares e associações de voluntários de aldeias ribeirinhas que mantém a tradição dos antigos pescadores, que fazem parte do nosso património imaterial antropológico, algo que temos e devemos preservar e quiçá iniciar um processo junto da Unesco para em conjunto com as câmaras ribeirinhas, onde estas festas se repetem até ao fim do Verão, desde Vila Velha de Rodão, até Oeiras, conseguiram que este Cruzeiro pelo Tejo, seja considerado Património Imaterial da Humanidade, o que atrairia mais turismo e desenvolvimento a estas localidades.

Adorei o cruzeiro bem como a chegada a Constância, terra preservadíssima no tempo, alindada, mas fiquei chocado com o desconhecimento da História das pessoas que no largo principal da vila erigiram um mural alusivo a Camões, que reza a estória nasceu nessa localidade, que tinha em azulejos desenhadas duas embarcações castelhanas, com a Cruz de Calatrava desenhada nas velas, alegadamente para homenagear o poeta, que navegou por todo o mundo, na altura português, e enalteceu em verso as nossas descobertas. A ideia da homenagem é meritória, mas desenharem embarcações castelhanas com a cruz de Calatrava, ao invés da Cruz de Cristo demonstra a ignorância da história espelhando a lacuna do nosso sistema de ensino, e induz em erro quem vai visitar a vila de Camões.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Tags

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

Adicionar comentário

Clique para comentar