Geral Opinião

Notas a propósito do apoio dos EUA à autocracia da Arábia Saudita

Fonte: Outras Palavras

A luta entre xiitas e sunitas dura desde o início do Islão, e não tem fim à vista. Odeiam-se mutuamente, e desde o assassinato do Sexto Imã Xia pelos Sunis, que ela se agravou, sendo essa morte, ocorrida antes da independência de Portugal, recordada todos os anos, com milhares de pessoas nas ruas do Iraque , a ciliciarem-se, u na localidade onde ocorreu essa morte. A luta entre eles não tem fim, mesmo sendo os xiitas uma comunidade menor em número de crentes do que a dos sunis.

Nenhuma das duas vertentes é mais fundamentalista que a outra, os sunis têm sido até, em minha opinião, mais geradores de instabilidade , terrorista no mundo , pois os principais grupos, dos quais destaco o Al Qaeda e o Estado Islâmico, são sunis, e foram esses dois grupos , que com o apoio, mais ou menos explícito da Arábia Saudita, provocaram os maiores ataques terroristas no Ocidente, e que  estiveram na base do apoio aos talibãs, sunis, no Afeganistão.

A aliança dos xiitas persas à Rússia, após a queda do Xá do Irão, que era apoiado pelos EUA, fez com que a Rússia tivesse estendido mais a sua área de influência aos países xiitas, e fez com que os EUA, de repente e atualmente estejam a branquear uma autocracia das mais tenebrosas do mundo, a monarquia saudita, o grande Estado Suni do Mundo. A ditadura Saudita não é em nada melhor que a dos Ayatollahs do Irão. Como diria Roosevelt, o rei Saudita é uma besta, mas é a nossa besta.

Durante a guerra fria, e mesmo após esta ter cessado, a luta pelo influência, em maior número de países no Golfo fez com que os EUA, armassem indiscriminadamente movimentos de resistência sunis, para combater o socialismo árabe, ou seja, para combater a influência Russa.

Em minha opinião, esta guerra no Médio Oriente, ainda é um último reduto desses tempos, e da tomada de algumas decisões, que foram eficazes no curto-prazo, mas que num longo-prazo verifica-se que não eram corretas, enfim, não podemos rever a História, mas podemos aprender para não cometermos os mesmos erros.

Se os EUA conseguirem voltar a colocar um novo Xá no Irão, como parece ser o seu objetivo, dado que ontem,  um dos homens fortes de Trump esteve a discursar numa reunião de Iranianos na oposição em Paris, tendo por trás a bandeira real do Irão, o conflito  entre xiitas e sunis, que não tem fim, terá na sua retaguarda o apoio do Ocidente, que terá dificuldade em fazer a quadratura do círculo.

A guerra por áreas de influência e o controlo dum número maior de países do que o adversário é algo que é inerente às grandes potências, independentemente do regime e da religião que professem.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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