O resultado da segunda volta das eleições presidenciais francesas entre Macron e Marine Le Pen, que se realizam este fim-de- semana, é essencial para o futuro da União Europeia, numa altura de grande agitação geopolítica na Europa, pois em jogo estão duas visões distintas e contrárias sobre a União Europeia, que é uma União Política, desde Maastricht, e não só um mercado comum, como na altura em que entrámos na então CEE.
A visão de Le Pen, como ela definiu no debate de ontem, é a de que a UE, seja uma Europa das Nações, que não reconheça uma série de princípios acordados em Tratados Internacionais, como o da livre circulação de pessoas e bens, e inclusive, o primado do direito europeu sobre o Direito Francês, as bases da própria instituição, ou seja, na prática, voltar ao período anterior a Maastricht, desprezando todo o caminho que foi feito desde então.
Macron, por sua vez, quer continuar o caminho da integração política que tem sido concretizado, e que tem permitido à União, distribuir riqueza através dos fundos de coesão europeus e, continuar a poder financiar-se a juros muito baixos, na prática minimizar a dívida, para poder fazer face à crise do Covid, através dos PRR, bem como para eventualmente estabelecer outro empréstimo coletivo, para face à atual crise provocada pela guerra na Europa.
Em minha opinião, um retrocesso no caminho europeu seria dramático para Portugal, que sem o Ultramar, não tem viabilidade para sozinho fazer face à globalização e aos novos desafios, que se colocam para futuro.
Pelo referido estou a torcer pela vitória de Macron, que em minha opinião, defende o atual “status quo”. Caso Macron não ganhe as Presidenciais, a UE enfrentará uma crise de dimensões, ainda inquantificáveis, que teria consequências dramáticas para Portugal.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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