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Homenagem presos políticos: Falar de Abril na primeira pessoa

Na tarde de sábado, no auditório Beatriz Costa e Mafra realizou uma sessão de homenagem aos ex-presos políticos no tempo da ditadura fascista. Este evento teve uma particularidade que foi homenagear 174 homens e mulheres que de alguma forma foram perseguidos pelo antigo regime, naturais ou residentes no concelho de Mafra.

Eugénio Ruivo, também ele preso político, foi o dinamizador da sessão tendo convidado diversas pessoas que sofreram na pele a opressão do regime ou familiares de presos políticos que contaram à assistência diversos episódios ligados com detenções, torturas, prisões e todo o envolvimento e sofrimento destes homens e mulheres e suas famílias.

O evento teve no exterior um painel, onde se procurou dar a conhecer a listagem dos 174 presos perseguidos e políticos durante o período da ditadura fascista, (naturais ou residentes no concelho Mafra), entre 1926-1974.

Foram convidadas algumas individualidades que constituíram a primeira mesa de reflexão sobre o tema:
– António Felgueiras, em representação da CMMafra;
– José Pedro Soares, coordenador da URAP;
– Aida Rechena, diretora do Museu Nacional da Resistência Antifascista de Peniche;
– Luís Farinha, ex. diretor do Museu do Aljube de Resistência Antifascista.

Depois disto, foram convidados a partilhar testemunhas na primeira pessoa ex-presos políticos, familiares de ex-presos políticos, e perseguidos pelo regime:
– José Alberto Franco (nat. Ericeira e ex. preso Político estudante); 
– André Teixeira, neto do ex.preso político José Filipe Teixeira de Mafra, Guarda livros); 
– Mário Borges, sobrinho do ex. preso político José Borges da Silva professor do Ensino Primário em Mafra);
– João Fonte Caracol, filho do ex. preso político Mário Luís Caracol guarda livros em Mafra);
– José Manuel Fanha, em representação do ex. preso político e Cantor Samuel Leonor Lopes Quedas natural da Malveira;
– Margarida Vicente, filha do Coronel Luís Vicente da Silva de Cavalaria e ex- militar na EPIMafra, ex- Militar do MFA, da Associação 25 Abril;
– Graça Dias, dirigente do SPGL e em ligação com os trabalho da URAP-Mafra nas escolas do concelho de Mafra, nas sessões sobre o 48º Aniversário do 25 Abril;
– Raquel Portugal, neta do ex-preso político António Portugal da Silva Freire, natural de Mafra e filho do coronel Freire da EPIMafra;
– Francisco Manuel Fernandes, filho do ex-preso político Pedro Fernandes de Torres Vedras que foi libertado da cadeia do Forte de Caxias no dia 27 Abril às 0:00 horas. Foi responsável pela oposição ao regime fascista no âmbito da CDE nos concelhos do Oeste;
– Joaquim Brandão Osório de Castro, ex. preso político que foi libertado da cadeia do Forte de Caxias no dia 27 Abril às 0:00 horas. Residente no concelho de Mafra e ex. operador da RTP.

No final, a ideia principal que se pretendeu divulgar foi a de que “Nada está Garantido” e que a democracia é um valor que não se pode considerar adquirido e que pode estar em perigo mundialmente por diversas vias, como são por exemplo as ascensões da extrema-direita na Europa ou a situação vivida na Ucrânia.

Fotografias e texto de Carlos Sousa/ KPhoto