Tantas vezes os chamamos, tantas vezes nos ajudam, tantas vezes os vemos a socorrer e nem nos damos conta que aqui mesmo ao lado está um punhado de Super Heróis, que não têm a vida fácil, mas nunca negam uma ajuda.
Os Bombeiros Voluntários da Ericeira são uma equipa. Além dos corpos diretivos,têm ao serviço neste momento 46 elementos. Face ao crescimento da Ericeira enquanto centro populacional, desde 2019, a equipa foi aumentada em 12 elementos e mesmo assim, por vezes é difícil gerir as tarefas. Entre outras responsabilidades, 14 pessoas garantem, que as urgências diárias são atendidas em tempo satisfatório.
Quem passa à porta do quartel e vê uma aparente calma, dificilmente conseguirá imaginar, por exemplo, que desde o início de 2020 os nossos heróis já atenderam:
- 13 incêndios urbanos;
- 30 acidentes de viação;
- 13 incêndios rurais;
- 922 emergências médicas;
- 68 prevenções diversas.
Provavelmente não imagina, que estes homens e mulheres têm que treinar 1 hora diária num ginásio existente no quartel, têm treinos específicos em diversas áreas como por exemplo escalada, desencarceramento e outras especialidades.
Neste momento a corporação conta nos seus quadros com 13 estagiários que vão fazer uma formação que dura 1 ano para poderem exercer a missão de bombeiro. Depois disto e para garantir que estão sempre aptos e em evolução, um bombeiro tem que ter pelo menos 40 horas anuais de formação ou perderá a licença para exercer.
Apesar de ser um profissional como qualquer outro, tem que cumprir 160 horas anuais de voluntariado ou não poderá exercer sua função. Quem vê de fora, provavelmente não imagina.
Esta corporação tem um orçamento anual de um milhão e duzentos mil euros. Até parece que estamos a falar de uma quantia avultada, mas face a todas as despesas e investimentos, é um orçamento que tem que ser muito bem gerido como referiu o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Vila da Ericeira, Ricardo Mestrinho que nos guiou nesta visita ao quartel que é quase um labirinto face ás necessidades constantes de rentabilização do espaço.
O comandante Nelson Romão, que também nos acompanhou nesta visita, referiu ainda alguns números que demonstram como o referido orçamento tem que ser gerido de forma minuciosa, como se de uma empresa se tratasse.
Não passará pela cabeça do leitor que por exemplo, um capacete da última geração como os que os nossos bombeiros usam, custa cerca de 450 euros ou que um equipamento completo obriga a um investimento de mais de 1.300 euros. Um outro elemento de análise que escapará ao cidadão comum é que cada elemento desta corporação não usa equipamento disponível, usa o “seu” equipamento pelo qual é responsável.
Um dos factos que provocou mais uma vez a necessidade de reorganizar o espaço foi a atual pandemia de Covid-19 que afetou e afeta o mundo.
Tiveram que ser criadas zonas de material específico, como por exemplo para equipamento de proteção individual, desinfetantes e zona de sujos.
Seguindo um elaborado e minucioso plano de contingência, a unidade não tem até ao momento nenhum caso de contaminação pelo Covid-19. Felizmente que assim é, mas este “nulo”, deve-se a todo um conjunto de medidas e comportamentos que estes heróis adotaram muito antes de se ter entrado em estado de emergência.
Falámos também no número de contaminados na Ericeira que em determinada altura chegou a assustar a população e que esta corporação de bombeiros acompanhou desde o início. Depois de identificada a cadeia de contágio, rapidamente se atuou e com a colaboração de todos os envolvidos, a situação foi controlada.
No futuro, os bombeiros sonham com uma “casa nova”, infelizmente ainda não é mais que uma ambição, mas já existe projeto para o novo quartel. Contrariamente ao que as vozes, tantas vezes maldosas e destrutivas apregoam aos sete ventos, o terreno do atual quartel ainda não foi vendido nem nenhum terreno foi adquirido para a nova casa. Ricardo Mestrinho afirmou que os mais céticos e críticos da corporação, podem ficar descansados que não existe nenhuma espécie de “Ericeira Gate” neste tema.
Apesar destes planos para o futuro, a corporação não esquece o seu passado e tem no seu património uma viatura de 1961, a coqueluche da corporação.
Foi entregue aos Bombeiros Voluntários da Ericeira pelo Comandante Cunha Lopes em 1986 no âmbito da parceria com os Bombeiros da Vila de Leimen na Alemanha e Câmara Municipal de Mafra. Foi entregue como veículo de pronto socorro urbano. Foi transformado para veiculo SDL – Salvamento Desencarceramento Ligeiro em 1988 pelo 2º comandante Filipe Marques, estando ao serviço operacional até final de 1994. Atualmente faz parte da secção de clássicos, recuperada em 2002 pelo Bombeiro José Silva. Esta viatura, graças ao carinho e cuidado com que é tratada, está perfeitamente operacional e é convidada frequente em desfiles e eventos.
Haveria muito mais para falar e muitas histórias para contar. Por agora ficamos por aqui, não sem antes apelar a nosso espírito de cidadania. Sabia que pode ser sócio da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Vila da Ericeira e que custa apenas 1 euro por mês/12 euros ano? Com esta “quota” simbólica, além de alguns benefícios que pode usufruir, vai ajudar na melhoria e manutenção dos serviços que esta corporação presta a toda a população.
Se considerarmos apenas a Vila da Ericeira com os seus mais de 10.000 habitantes, se apenas 1/3 desta população fosse sócio desta organização, a diferença que faria. Fica o desafio, a matemática é simples, mas o efeito seria enorme.
Referir ainda, que neste momento está em curso uma angariação de fundos para aquisição de equipamento individual de proteção. Visite o Facebook dos nossos heróis (www.facebook.com/BOMBEIROSERICEIRA) para saber mais detalhes, pois como eles dizem
“HOJE VOCÊ POR NÓS, AMANHÃ NÓS POR SI”.
Por Carlos Sousa /KPhoto
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