Guterres e Erdoğan conseguiram que hoje vá ser assinado um acordo com a Rússia e a Ucrânia, tendo em vista a exportação dos cereais ucranianos, tentando assim não agravar a já existente e endémica fome no mundo.
A assinatura deste acordo pode ser considerada uma vitória quer de Erdoğan, que tem sido incansável na tentativa de resolução da guerra na Ucrânia, facto que só releva a importância da Turquia, e da sua situação geopolítica e geoestratégica na Região do Mar Negro e do Cáucaso, quer de Guterres e da ONU, que tem conseguido levar a bom-porto alguns acordos humanitários importantes, mas subsidiários da causa do problema, a invasão ilegal da Ucrânia por parte da Rússia.
A ONU mostra assim continuar a ser uma Organização Multilateral, que com as suas agências e projetos, consegue ainda ter um papel determinante no mundo, malgrado desde a sua génese exista uma dificuldade grande em ter de haver consenso entre as cinco grandes potências que fazem parte do seu Conselho de Segurança, o Órgão de Decisão da ONU.
Há analistas que vêem noutras organizaçöes informais, sem estrutura fixa, mais flexíveis, onde se agregam países relevantes economicamente, quais grupos de amigos, que tomam algumas medidas de âmbito restrito, como o G7 e o G20, maior capacidade para se resolverem alguns problemas conjunturais, algo que não deixando de ter alguma verdade, não pode substituír a ONU, que quer queiramos, quer não, é um forum estruturado, permanente, onde, os paįses nela representados, mesmo que se não entendam à primeira vista, trabalham consistentemente e se establecem laços diplomáticos fundamentais, quer entre os cinco grandes, quer entre estes e todos os outros, com representação diplomática permanente em Nova York.
A ONU é a Organização Multilateral por excelência, sendo nela que assenta todo o pensamento Liberal das Relaçōes Internacionais.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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