Pensando como português e europeu, duma Europa que paulatinamente, mais por motivos e necessidades económicas e financeiras e que por vontade política, se vai integrando numa efetiva união política, vamos ter de mudar inevitavelmente alguns dos nossos pressupostos, que ancoram a nossa visão estratégica, ainda muito nacionalista do país.
Numa Europa mais integrada temos inexoravelmente de preservar, custe o que custar, alguns traços identitários, que muito nos diferenciam dos outros europeus, em termos culturais, linguísticos e históricos.
Numa união política mais integrada, a caminho do federalismo, embora em passos muito lentos, como referiram os pais fundadores da União Europeia, a Defesa do Espaço Comum Europeu, indelevelmente, passará para uma entidade federal, Forças Armadas Europeias, cabendo aos Estados terem uma Guarda Nacional forte, a exemplo dos EUA.
Depois de tecer as considerações supra, sobre a evolução que antevejo para a União Europeia, nos próximos vinte anos, existem algumas questões que gostaria de partilhar com os meus leitores, às quais tenho tentado responder, num “Brain Storming” interno prospetivo .
Será esse o motivo pela qual os sucessivos governos têm apostado mais na Guarda Nacional Republicana, GNR, que nas Forças Armadas?
Será por esse motivo, que se vai acabar com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por as fronteiras, não serem mais nacionais, mas dum espaço Europeu?
Será por esse motivo que a GNR começa a ter valências duma guarda costeira?
Será por esse motivo que a defesa do nosso espaço marítimo, aéreo e cibernético, por
insuficiência de Capacidades Militares Nacionais, terá de ser transferido para uma entidade
Supra-Nacional?
Qual o nosso papel numa Europa integrada?
Eis algumas achas para a fogueira, que eu gostaria fossem abordadas seriamente, na elaboração num novo Conceito Estratégico Nacional e de Defesa Nacional, pois essas perguntas têm de ter resposta.
O debate terá inexoravelmente de se fazer.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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