O encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, de acordo com as informações de que disponho, está marcado para breve. Tal agendamento, em termos diplomáticos, só ocorre quando já existem avanços concretos e negociações em curso — e isso é, por si só, significativo.
Há que reconhecer o papel persistente do General Khirkof, cuja ação diplomática tem sido notável. Não terá sido indiferente à pressão exercida pelos Estados Unidos, com ameaças de impor tarifas alfandegárias de até 150% a todos os países que continuam a importar petróleo barato da Federação Russa. Entre esses países encontram-se, de forma destacada, a Índia e a própria China, que têm reforçado a sua competitividade económica graças ao acesso a energia a preços reduzidos.
Se a China decidir pressionar seriamente a Rússia, por razões próprias e em defesa dos seus interesses de médio prazo e conseguir estabelecer um cessar-fogo de sessenta dias, então poderá haver esperança. Esperança de que deste encontro entre Titãs possa emergir algum fumo branco, sinalizando o tão desejado calar das armas. Esse poderá ser o primeiro passo para um plano de paz, sem data limite para encerramento, mas com objetivos realistas e fases progressivas.
Num tempo em que a diplomacia parece frequentemente rendida à retórica ou à ameaça, importa sublinhar cada gesto que possa abrir uma porta. Mesmo que entreaberta.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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