Geral Opinião

Crónica de uma prorrogação anunciada.

No dia 2 de Abril, o Presidente da República vai prorrogar o prazo da declaração de Estado de Emergência, por mais quinze dias.

Esta prorrogação não é novidade, já se vinha anunciando a sua necessidade desde, pelo menos, o dia em que o estado de emergência  foi imposto, bem como já está  anunciado que esta situação poderá estender-se mais, pelo menos um mês e meio.

O governo tem elogiado o comportamento dos portugueses, e os jornais estrangeiros já nos citam como exemplo, pois parece que estamos a conseguir controlar, e bem, a  propagação da pandemia.

Para além de termos sido mais avisados e termos começado mais cedo o confinamento, e as medidas de distanciamento social, também nos fomos  precavendo, à medida que íamos vendo os  trágicos casos de Itália e mais recentemente o caso de Espanha.

Foi uma atitude bem pensada termos declarado cedo, primeiro os Estados de segurança consignados na na lei de Bases da Proteção Civil, e mais tarde o estado de emergência pelo Presidente da República, (PR), mesmo que sem grande entusiasmo do primeiro-ministro.

O Estado de emergência,  conforme  está consignado na Constituição, é declarado pelo PR, depois de ouvido o governo, e autorizado pela Assembleia da República, dá ao governo o poder de especificar as medidas adequadas, dentro dum quadro geral  definido pelo Presidente, e  de acordo com a evolução da situação.

Nesta nova declaração do estado de emergência, pretende-se  para além de prevenir uma situação semelhante à ocorrida na semana passada, de  aglomeração de tráfico na ponte, 25 de abril, muito em especial nesta semana de Páscoa,  endurecendo  mais as medidas restritivas e coercivas, permitindo às autoridade aplicarem coimas e até deter as pessoas que não acatem as ordens das autoridades.

Nesta nova declaração do estado de emergência  o PR autoriza ainda  que, se modifique a forma de lecionar no ensino, se mude o calendário escolar e o de exames,  que alguns presos possam saír das cadeias com pulseira eletrónica, e que se possa  aplicar a requisição civil ao pessoal a trabalhar nos lares, entre outras.

Em minha opinião senão tem sido preciso endurecer as medidas, até à data, e se até temos sido elogiados  por isso em jornais estrangeiros, não me parece que haja necessidade de ora as endurecer.

De qualquer das formas espero que estas medidas, nos permitam a que colectivamente vençamos a crise.

Como militar que sou, habituado a estar com o povo, sei que este  é resistente, resiliente, rústico, e que quando quer, desde que bem liderado, é capaz de se galvanizar, e fazer face à todas as vicissitudes e desafios.

Espero que o governo continue a saber liderar o seu povo, que nas sondagens lhe deu já um voto de confiança.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva