Geral Opinião

CoVID-19: Indultar ou não alguns reclusos em época de COVID-19

Tenho ideia que a maioria dos reclusos são gente pobre e de fraca instrução e que só está detida por falta de recursos para pagar a bons escritórios de advogados.

Tenho ideia que a maioria dos crimes poderiam ser punidos sem medidas de prisão efetiva, devendo-se recorrer mais à prisão domiciliária com prisão eletrónica.

Tenho  ideia que a maioria são condenados por delitos de menor monta, pois Portugal é um país, ainda de brandos costumes, sem crimes muito graves, e que quando estes  existem todos sabemos  dos casos graves, pois a TV consegue encher chouriços com eles, durante meses.

Todos sabemos que os crimes de colarinho branco, efetuados quer por políticos, quer por banqueiros, quer por pessoal mais instruído e tecnologicamente mais apto, são de difícil prova, e que nos julgamentos conseguem ter escritórios inteiros, com vários advogados e especialistas contra um só juíz.

Tenho ideia que os casos de colarinho branco supra-referidos  se arrastam nos tribunais, até conseguirem, que os crimes que cometeram prescrevem.

Tenho ideia que as cadeias são escolas de crime e que não têm capacidade de executar qualquer tarefa no sentido da reintegração na dos reclusos na sociedade. .

Tenho ideia que as cadeias estão sobrelotadas e sem condições para se poder fazer distanciamento  social, nem qualquer espécie de confinamento.

Pelo exposto parece-me que se deveriam seguir em Portugal as recomendações da ONU,  corroboradas pela Provedora da justiça, relativamente à libertação de alguns presos, com algumas restrições, conforme consta da proposta da Ministra da Justiça,  que me parece razoável e equilibrada, pelo que não prevejo que provoquem qualquer alarido social.

Não  consigo perceber  qual a razão, porque  alguns partidos não querem perceber  que  a libertação de alguns reclusos das cadeias portuguesas é um problema, que não tem nada a ver com ideologias, políticas  mas sim com humanismo.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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Nuno Pereira da Silva

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