O homem só começou a acumular riqueza quando se sedentarizou e começou a dedicar à atividade agrícola, ou seja, quando começou a pensar, no que hoje chamamos de ativos futuros, ou seja, quando os produtos agrícolas fossem colhidos e se as colheitas corressem conforme o expetável, haveria abundância.
Os ativos futuros expetáveis de produtos agrícolas, podiam no entanto nunca se concretizarem, caso as condições meteorológicas não corressem de feição, facto que levou pela primeira vez o homem a acumular, a guardar alguns produtos, por forma a fazer face a uma eventual escassez, algo em que nunca tinha pensado enquanto caçador/coletor.
A sedentarização do homem, transformou-o e fez com que ele, ao longo dos séculos, fosse querendo cada vez mais coisas, mesmo que delas não precisasse, não usasse, única e exclusivamente pelo prazer de ter, de possuir algo mais., para evitar a escassez.
Na sociedade de consumo, na era digital, esta ambição de ter cada vez mais, tornou-se nalguns casos um comportamento obsessivo, uma paranoia, pois o homem parece querer cada vez mais, querer mais um novo e mais potente telemóvel, mesmo que o que possua seja mais que suficiente para as necessidades, querer uma nova habitação, mesmo que a que tem seja suficiente, ou seja, a acumulação tornou-se um vício e não uma necessidade.
O caminho que estamos a tomar no dito primeiro mundo é insustentável, e caso o não arrepiemos, vamos continuar a delapidar o planeta e os seus recursos naturais, para fazer face a caprichos, a futilidades e a completas desnecessidades, só pelo vício de querer mais.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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