Geral Opinião

Como se chegou ao atual caos que se vive a nível global?

A queda dos grandes impérios, a nível global, desde sempre gerou situações caóticas, pois, como a estratégia tem horror ao vazio, outras potências regionais ou globais tentarão tomar o lugar do império em queda ou a definhar.

As grandes crises atualmente existentes estão situadas nas regiões que eram, direta ou indiretamente, controladas por esses impérios. Se repararmos, a queda da URSS tem provocado grandes tensões na região do Cáucaso, Ásia Menor e na Europa, de que a guerra nos Balcãs, e agora a guerra na Ucrânia, são disso um claro exemplo, com o Ocidente, vencedor da Guerra Fria, a alargar o seu território.

No Médio Oriente e na Ásia Menor, o facto de o Império Otomano ter caído no final da Primeira Guerra Mundial também foi o catalisador de todos estes problemas, tendo o Império Britânico e o Francês sido nomeados administradores da região pela Sociedade das Nações. A partilha que fizeram do território, dividindo o petróleo no Acordo Sykes-Picot, tem sido problemática e tem gerado todas as guerras na região, tendo Israel nascido na sequência da ocupação britânica, devido aos sionistas e às ações terroristas que levaram a cabo contra os britânicos, tendo o Estado de Israel nascido fruto de ações terroristas.

O estertor dos impérios britânico e francês, na década de 50/60 do século passado, também gerou várias guerras. No início, guerras de autodeterminação, apoiadas diretamente pelas então potências globais, a URSS e os EUA, que os queriam na sua zona de influência.

O declínio económico dos EUA e esta política insana de Trump são um dos primeiros sinais da queda do império norte-americano, que tenta desesperadamente manter-se como potência global, estando a China paulatinamente a preparar-se para o substituir, numa estratégia de soft power e de alianças muito bem estabelecidas, ao contrário da atual administração americana, que desbarata os seus aliados.

O território, os recursos naturais, o poder e a sede de controlar recursos para deles tirarem vantagem são as outras causas, e, atualmente, as matérias-primas mais importantes para o desenvolvimento tecnológico digital estão na posse da China, que, com esses recursos, tem neste século tudo para se tornar a potência global.

O estertor do Ocidente e a ascensão da China são, atualmente, a nova linha de fratura, que trará novos conflitos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma