Geral Opinião

Como pode a UE adquirir os meios militares essenciais para a sua defesa?

Foto: Eurodefense

As listagens de lacunas, faltas, shortfalls, essenciais à defesa da Europa, após uma análise quantitativa e qualitativa, de todas as forças de todos os Estados-membros, análise que durou vários anos a realizar, por especialistas militares, dentre os quais me incluí, tendo esta apontado para faltas em Meios muito tecnológicos,  e muito dispendiosos, que pela sua onorosidade nenhum estado-membro os poderia adquirir sozinho, razão pela qual se apontava que a sua resolução, ou seja, a sua aquisição, quer no mercado, quer por desenvolvimento de novos projetos europeus, pudesse ser feita por cooperação voluntária entre Estados-membros liderada pela Agência Europeia de Defesa.

O grande problema de aquisição de novos meios e novas capacidades onerosas por cooperação, é o problema da propriedade, pois nenhum estado-membro investe avultadas verbas, num determinado meio a meias, ou em várias frações, sem pensar e sem saber, que num dia que eventualmente se desfaça a sociedade, quem é o estado-membro que ficará com ele, que foi adquirido por investimento de vários.

A questão da propriedade colocou-se a Portugal várias vezes quando estivemos na Eurofor, e quando foi necessário comprar sistemas de comando e controlo para o quartel-general localizado em Florença, que nunca foram adquiridos apesar de essenciais, por não se conseguir ultrapassar o problema da propriedade dos meios, caso a força se desfizesse, tendo esse problema sido um dos mais relevantes que levou la que essa força conjunta em cooperação em que participávamos se desfizesse.

Parece anacrónico e pouco sensato, mas é a realidade numa Europa intergovernamental, em que os assuntos de defesa ainda são assuntos muito suscetíveis e da responsabilidade dos estados-membros, apesar de todo o desenvolvimento já efetuado no âmbito da Política Comum de Segurança e Defesa.

O problema só se resolverá quando a comissão puder financiar e adquirir os meios necessários à defesa da Europa, com financiamento Europeu, algo que o Tratado de Lisboa não permite nem prevê.

Ainda é preciso necessário e urgente, vencermos juntos esse obstáculo.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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