Geral Opinião

Cavaco imita Maquiavel e elenca conselhos para um futuro Primeiro-ministro

Foto: Expresso

Cavaco Silva publicou um livro sobre a arte de ser Primeiro-ministro em Portugal, que é um regime semi-presidencialista, em que há duas instituições relevantes com palco e com poderes próprios que muitas vezes são opostos.

O autor define o seu livro como sendo um ensaio dum investigador científico, muito à semelhança dum ensaio sobre economia normativa, onde elenca princípios e conselhos para exercer um cargo difícil de coordenação dum governo, e como ser eficiente e eficaz.

Cavaco e Silva governou dez anos, imediatamente após a nossa entrada na CEE, tendo em minha opinião sido um período de crescimento, e de infraestruturação do país, tendo nessa altura havido muitas oportunidades para os jovens licenciados da minha geração.

À semelhança de Maquiavel, que no Príncipe dá conselhos ao regente como bem governar, Cavaco tenta, com a sua experiência aconselhar os políticos que tiverem pretensões de vir a chefiar um governo, ou aos que estão presentemente a chefiá-lo, elencando vários conselhos gerais, alguns deles que não cumpriu cabalmente e que gostaria que se tornassem norma, tendo num deles criticado Maquiavel, ao afirmar que governar só para manter o poder, não deve ser de maneira nenhuma a forma correta de exercer o poder.

Claro que os conselhos, sendo gerais, podem ser lidos como críticos ao governo atual, aos governos dele e aos do futuro, motivo pelo qual, quem o queira ler como crítica ao atual governo, encontrará várias semelhanças, razão pela qual o PS veio a terreiro defender a honra do convento e atacar os governos a que este presidiu.

Em termos militares, diria que este livro é uma súmula de “lessons learned”, que normalmente elencamos no fim de uma operação, importantes para não se repetirem sempre os mesmos erros em futuras operações.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma