Geral Opinião

Breve análise do Congresso do PC Chinês

Os Cisnes Selvagens de Jung Chang, é um romance histórico soberbo, que ao contar a história de três gerações de uma família chinesa no século XX, nos elucida sobre a feroz ditadura imposta pelo Partido Comunista Chinês ao seu povo, seus métodos de repressão, que se baseiam na delação e na confissão voluntária de atos atentatórios contra o estado, obtidos sob tortura.

Com Deng Shiao Ping, a China abriu-se ao mercado, através da assunção duma política de um regime de dois sistemas, política que conseguiu com que a China se tornasse o colosso económico que atualmente constituindo-se, em minha opinião, como o maior paradoxo da História da atualidade, ou seja, um país comunista convivendo com uma economia capitalista, o seu principal antagonista em termos conceptuais e doutrinários.

O Congresso do Partido Comunista Chinês, que terminou esta semana, entronizou o atual Presidente Chinês no poder, e quis mostrar ao mundo que Xi Ji Ping é, e será enquanto viver, o ditador incontestado da China, o novo homem providencial e todo poderoso, que alterou a própria Constituição Chinesa para se eternizar no poder.

O afastamento da sala, onde decorria o Congresso do PC Chinês, foi uma demonstração clara da autoridade incontestada de Xi Jiao Ping, filmada e difundida propositadamente, para que interna e externamente dela não restassem dúvidas a ninguém, demonstrando publicamente que na China não há intocáveis, nem mesmo os seus ex-presidentes e membros do Politburo.

Alegadamente, Jiin Tao teria intenções de contestar a autoridade de Xi, e a sua reeleição ao fim de dois mandatos presidenciais, algo que se encontrava, até à data, vertido na Constituição Chinesa, com a finalidade de evitar o reaparecimento dum novo  homem providencial, à semelhança de Mao Tse Tung, e preparava-se para alegadamente ler um discurso, nesse sentido, perante o Congresso.

O método de atuação do PC Chinês, de que o episódio do afastamento do ex-presidente da China , constitui um si próprio um paradigma do mesmo,  continuam semelhantes, aos descritos no romance histórico de Cheng, com que iniciei esta crónica, e que vivamente recomendo a sua leitura, numa primeira abordagem, ainda que ligeira, à brutal ditadura imposta por Mao Tse Tung, após a longa marcha e a imposição da sua revolução cultural, no início do século passado.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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