Geral Opinião

António Costa necessita de ganhar sem humilhar o PCP

Em Portugal aproxima-se a data das eleições autárquicas, estando a campanha eleitoral ao rubro.

Nestes últimos dias de campanha, os líderes partidários têm-se desdobrado por todo o território nacional, numa azáfama estonteante, para presidirem aos vários comícios eleitorais que ocorrem nas várias localidades deste país, de norte a sul, leste a oeste, e Ilhas, algo que na minha opinião, desvirtua completamente o significado específico deste ato eleitoral , pois nele quem realmente deveria contar, deveriam ser os candidatos ás diversas autarquias, e não os líderes partidários.

Os partidos nacionais não deveriam ter a relevância, que aparentemente parece estarem a ter, essencialmente, por diferentes ordens de razão que passo a explanar.

Para os partidos mais pequenos, que não têm expressão eleitoral a nível autárquico, a relevância destas eleições joga-se mais no plano nacional que local, pois não estando realmente no jogo que realmente conta, os seus líderes aproveitam para fazer passar a mensagem nacional, ao invés de se focarem nos problemas locais.

Para o PSD e para o CDS por sua vez, dada a grande contestação interna às lideranças de ambos os partidos, estas eleições assumem um significado relevante, pois depende doc resultado delas, a continuação das suas respetivas lideranças.

Para o PS, dado que estas eleições terminam a semanas da discussão do orçamento para o próximo ano, António Costa precisa de ganhar claramente as eleições, para negociar numa posição de força com a esquerda, muito embora sem humilhar o PCP, seu apoiante, quase incondicional desde o início da geringonça, pois se a derrota deste for humilhante, o PCP tem de voltar a capitalizar o protesto das massas trabalhadoras, contra o PS, sinal que a quadratura do círculo que tem tentado fazer, apoiando e contestando simultaneamente o governo, não está a resultar.

Devido às razões apresentadas as eleições que deviam ser exclusivamente locais, na realidade são nacionais, pois têm uma leitura nacional muito importante, muito superior ao somatório dos resultados obtidos nas diversas autarquias.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva