Muita tinta, ou melhor, muita tecla tem sido batida a propósito da estátua de homenagem ao homem do mar, ou ao pescador. Para mim ou coisa é uma coisa e outra coisa é a mesmíssima coisa. Grandes movimentações nas redes sociais e como habitualmente uns a favor e outros contra. Cá por mim sou neutra. Nem estou dum lado do outro nesses bate bocas, mas se me perguntam se gosto… olhem … olhem sinceramente, nem por isso. Mas também é o meu gosto e não é de mais ninguém. Cada um tem o seu e se todos gostassem de amarelo não haveria azul. A pretensão desta estátua tem um propósito e esse está lá, homenagear uma classe tão querida à nossa gente e a quem nos procura. É grande? Pois será. Mas os homens do mar têm de ser grandes. Não necessariamente em tamanho e músculo mas de alma e coragem grande e só por isso foram e são capazes de enfrentar o imenso mar quando a maioria de nós nem consegue num pequeno lago andar numa simples gaivota. Não, não é dessas que voam por cima das nossas casas quando se avizinha temporal, mas daquelas em que se pedala para dar uma voltinha e chegarmos a lado nenhum, ou melhor ao sítio de onde partimos. É musculosa em demasia? Pois será, mas era preciso ter força para puxar as redes à mão, o que felizmente já quase não acontece nos dias de hoje. É castanho? Pois realmente podia ser branco, ou preto, e porque não amarelo? Também é uma cor bastante apreciada. Ou então roxo ou verde chá, as cores da estação. Mas não, é castanha, ora bolas. O certo é que, contra ventos e marés, está onde devia estar. Agrada a todos? Não, mas nem Jesus agradou a todos. Para além disso tudo é arte, e a arte é uma coisa muito sui generis, ou se gosta ou se detesta.
Também há aqueles que sabiamente vêm dizer que não é estátua, é escultura. Ora bem que eu saiba uma estátua é uma peça de escultura, sendo que esta por sua vez é a técnica considerada a quarta das artes clássicas e que visa representar uma entidade real ou imaginária. Ora bem, e assim sendo parece que dizer que é uma estátua não me é de todo descabido. Mas enfim cada um chamar-lhe-á aquilo que muito bem lhe aprouver. Só mais uma achega, quer se goste ou não da obra em si, convém não esquecer o seu real propósito e lembrem-se que daqui a dias já não se fala mais do assunto, passamos por ela sem reparar no tamanho, no físico, na cor e até passamos todos a gostar, eu inclusive.
Isabel Oliveira
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