Geral

ACABOU A CRISE?… SÓ SE FOI PARA ALGUNS.

O pessoal que fugiu da restauração para os supermercados (brasileiros e portugueses) foi “enganado”.

Eu reclamo pois ainda não recebi o aviso.

 

Empregados de mesa; cozinheiros, auxiliares para a copa e gente para a construção agora raramente respondem a anúncios…só por convite pessoal…

Das duas uma – Ou há aumentos de salários ou alguns estabelecimentos da restauração vão encerrar alguns dias por semana, pois pessoal necessário e de qualidade não aparece.

Se vêm de fora não há alojamento, e o salário tem de ser ainda maior. Aqui, já não há, só velhinhos.

Os antigos no activo, quase na reforma, ainda contam com as gorjetas e lá vão ficando, fazem parte da mobília… Mas a malta nova, já fala três línguas, tem bom aspecto, comporta-se com nível, mas quer 2 dias de folga, para curtir o surf e no mínimo 1000 euros limpos e gorjetas, almoço e jantar. E é se querem. Ouviram bem?

O pessoal que fugiu da restauração para os supermercados (brasileiros e portugueses) foi “enganado”. Consideraram progressões sistemáticas e enganaram-se, pois não há. É limpo, é certinho no final do mês, e tudo legal, mas comida não há, gorjetas também não e escravidão é igual, sábados, feriados e domingos, é tal e qual como a restauração, mas tudo legal descontos da Segurança Social, etc. é bonito, mas não chega aos quinhentos euros… E a malta é nova, não pensa, nem está doente… mas vê que não chega, mesmo sem óculos.

Não dá para viver na capital do surf onde apetece sair à noite, curtir e beber uns copos com amigos… um Gin custa no mínimo… é melhor nem dizer, senão começamos a fazer contas e como é? Quem ganha para andar na noite a curtir, nem que sejam, só duas noites por semana? – É melhor nem falar nisso.

“Já fostes!” Dizem os patrões da restauração quando os que fugiram se reaproximam a quererem regressar, deixando os supermercados.

De facto, agora e “viva o governo” (que Deus lá os tenha por uns tempos) há trabalho com fartura e já lá vamos falar do sector da construção…

Há pouco tempo os pedreiros baixaram a fasquia, ofereciam-se para fazer “ biscates”, o mesmo sucedia com canalizadores e pintores… agora já falam grosso. E para nós clientes dedicados, não gostamos de o dizer, mas interiormente desabafa-se que uma crise faz falta para todos sentirem o real valor do dinheiro. E não se pode pagar a um pedreiro mais do que a um médico e … já nem sei.

Ainda há muito trabalho na manutenção de vivendas particulares, jardins, piscinas, andares com mais de 30 anos já necessitam de isolamentos, pinturas, canalizações, estores, alumínios … mas o pessoal já nem aparece… está tudo ocupado e por meses e já sobem os preços parece que voltámos todos a ser ricos.

(Mesmo que levem a mal, tal como alguns que não abriram no Natal, temos de dizer com frontalidade o que está mal, na nossa humilde opinião).

Eu já não conto para as estatísticas, pois começo a não ter capacidade para apreciar o que cada um pode ou deve ganhar… quando os “velhos”, aqueles que aguentaram, netos, filhos e toda a família no desemprego…. e contam ainda os tostões da reforma que não dá para jantar fora, a não ser na varanda… pois nem para comer um prego no Manel já dá…

Valha-me a Santa destas coisas, já nem sei o nome. O 25 de Abril tem de ser para todos…e não só para alguns. Se não ainda vai haver uma revolução dos velhinhos.

Que se cuidem!

Uma opinião de Helder Martins

Acerca do autor

ericeiraonline

Adicionar comentário

Clique para comentar