Geral Opinião

A Síria pós-Assad um problema de difícil solução

O plano Israelita de dividir a Síria em três cantões autónomos, mas não completamente independentes da Síria, com um cantão Druso a Sul, na região dos Montes Golā, que querem controlar, numa primeira fase garantindo-lhes a sua segurança e defesa, e numa segunda fase independentizá-lo da Síria para nele colocarem políticos da sua confiança, outro junto ao Mediterrâneo, onde ficariam os Alautas, da etnia do deposto presidente Assad, e que ficaria na dependência russa, que na região tem duas bases navais, outro na região Curda, e finalmente o novo regime, que depôs Assad em Damasco.

Este plano israelita, é uma ideia difícil de implementar, pois a Turquia, não quer de maneira nenhuma dividir o território sírio em cantões autónomos, pois apoia o atual governo, tendo-o apoiado desde o início da sua luta contra Assad, e tem receio que o cantão Curdo se torne num estado dependente, algo que há anos tenta evitar.

O atual regime em Damasco, tem tido alguma dificuldade em controlar o Estado Islâmico, que se está novamente a fortalecer, e tem feito várias incursões armadas contra o território Curdo, onde estão presos vários dos seus militantes, com o fim de os libertar, e onde existem bases norte-americanas.

As dificuldades que o atual regime na Síria tem tido, em consolidar o seu poder sobre todo o território, apesar das interferências e pressões internas e externas, para que divida o território sírio, têm sido muito grandes e difíceis de atingir, embora esteja, em minha opinião, a fazer um bom trabalho, na tentativa de controlar a ação de fodas as facões, constituídas por grupos terroristas, que o apoiaram a libertação do regime despótico de Assad, muito embora algumas ações que estas concretizaram lhe tenham saído fora do controlo, como foi o caso dos massacres sobre os alauitas, na sequência duma ação militar que estes iniciaram, bem como de algumas ações terroristas perpetuadas pelo ISIS contra algumas minorias religiosas.

Em termos internos e externos, apesar de todas as dificuldades, o atual regime no poder tem sido moderado, está a constituir um governo laico, em que quer integrar todos os grupos étnicos, para substituir o governo de transição, e está a constituir umas Forças Armadas e de Segurança Nacionais, tendo nelas integrado as Forças Curdas, que paradoxalmente não reclamam a independência, com medo das represálias da Turquia, bem como em termos externos, tem vindo restabelecendo as suas embaixadas, para ser reconhecido internacionalmente e tentar levantar as sanções económicas, que ainda pendem sobre a Síria, uma herança pesada dos tempos de Assad.

Não sei se vai conseguir continuar a ter uma Síria unida, embora conte com o apoio da Turquia, pois Trump e Netanyahu tudo vão fazer para desestabilizar e descredibilizar  a Síria, querendo Trump em minha opinião, no âmbito da sua aproximação à Rússia, entregar a região habitada pelos xiitas alauitas à Rússia, entregar a Região Drusa aos israelitas que indiretamente a controlariam, e continuar de qualquer forma no Curdistão com uma base, pelo que o Curdistão tem de ter alguma autonomia, mas nunca independência para não molestar os turcos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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